“Onda Sonora – Red Hot + Lisbon” (1998)

Entre os vários discos que a Red + Hot Organization lançou nos seus 30 anos de atividade conta-se um álbum que tomou a cidade de Lisboa como ponto de partida (e mote) para, além de nova campanha de recolha de fundos para a luta contra a sida, explorar as muitas ramificações musicais da lusofonia no nosso tempo. De certa forma adivinhavam-se ali pontes e diálogos que, hoje, ao escutarmos discos de nomes como os de Branko ou Dino d’Santiago, definem a identidade presente de uma cidade multicultural. No ano em que a Expo 98 mostrou uma outra Lisboa ao mundo, os jogos de contrastes e afinidades aqui fixados em disco laçavam pistas importantes nestes mesmos trilhos.

Com o título Onda Sonora e o subtítulo Red Hot + Lisbon, o álbum juntou nomes tão diversos quanto os de k.d. Lang (que interpretou, em português, o Fado Hilário), Underground Sound of Lisbon, Paulo Bragança + Carlos Maria Trindade, Marisa Monte, Carlinhos Brown, Gerenal D, Filipa Pais, António Chainho, Madredeus, Smoke City, Durutti Column, Arto Lindsay, Arnaldo Antunes, Filipe Mukenga, Funk’N’Lata, Djavan ou Lura.

Apesar da presença (importante) de músicos do Brasil e até mesmo das referências ibéricas via Ketama, Onda Sonora encara Portugal e, sobretudo Lisboa, como uma porta para uma descoberta de relações musicais (e culturais em geral) com África. Lura ou Bonga são nomes de referência aqui representados num quadro que envolve também exercícios de partilha como, por exemplo, momento assinado por Filipe Mukenga com os Undergrolund Sound Of Lisbon.

O disco foi também o primeiro da série de compilações da Red + Hot Organization a ter em grande destaque a presença de África, sublinhando um importante foco geográfico da luta contra a sida. O especial para televisão, realizado por Alex Gabassi, Maria Lovett e Marina Zurkow (que se pode ver aqui), vincava precisamente estas ligações.

O alinhamento celebra ainda a memória de António Variações numa versão da Canção de Engate pelos Delfins com Tó Ricciardi. Além do Fado Hilário pela já referida k.d. lang, os universos da guitarra portuguesa e do fado estão igualmente presentes com figuras como as de António Chainho ou Paulo Bragança, este numa parceria eletrónica com Carlos Maria Trindade.

Podemos recordar este disco através do tema Dreamworld: Marco de Canavezes, que juntou David Byrne e Caetano Veloso a memórias de Carmen Miranda. A canção teve um teledisco que assim serviu de cartão de apresentação do álbum.

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