Fazendo as contas são já 40 anos fixados em discos. Pois se muitos os descobriram em finais de 1985 ao som de uma segunda vida de “West End Girls”, a verdade é que, mais de um ano antes, na Primavera de 1984, uma leitura original desta canção, criada sob a produção de Bobby Orlando (figura de proa do Hi-NRG) lhes tinha já dado um primeiro episódio de vida discográfica, ao qual se tinham seguido até “One More Chance” (ainda com a mesma equipa de trabalho) e “Opportunities (Let’s Make Lots of Money)”, que representara, já em 1985, a estreia (bem discreta) no catálogo da Parlophone. É por isso nos 40 anos de vida de “West End Girls” e no momento em que chega o novo álbum “Nonetheless”, que os encontramos em modo de olhar panorâmico sobre a sua obra num documentário da BBC.

Se é verdade que a história desta dupla até poderia motivar uma bela série documental, o facto é que “Pet Shop Boys – Now And Then” consegue, em perto de uma hora, captar um retrato das identidades complementares de Neil Tennant e Chris Lowe (residindo aí a base estrutural de todo um edifício), juntando não apenas um coro de vozes que asseguram pontos de vista sobre várias das suas características e feitos, acrescentando leituras de letras (que acentuam o modo como têm retratado o seu tempo), como inclui ainda alguns momentos de surpresa, sobretudo nas sequências em que um pequeno leitor de cassetes nos deixa escutar as versões originais de canções como “West End Girls” ou “It’s A Sin” sob o olhar crítico, sem filtros, de ambos os protagonistas.

Figuras como Marc Almond, Olly Alexander, Jake Shears, Stuart Price, Rufus Wainwright, Brandon Flowers ou Javier de Frutos ajudam a desenhar, mais do que uma cronologia, uma coleção de impressões e olhares que ajudam a compreender não apenas o porquê de tão única personalidade como a própria longevidade do grupo. As memórias recuam aos tempos em que Neil Tennant escrevia na Smash Hits e Chris Lowe era estudante de arquitetura, recordam o seu primeiro encontro numa loja de material de som em Londres e até mesmo a génese do nome, notando como podiam ter adotado outros, que nos levava à cave da loja de animais que “escolheram”: Poodle Parlor ou, até mesmo, Schampooch… Os ensaios e bastidores de concertos da corrente Dreamland Tour servem depois de gancho com o presente num percurso que, fica claro, ainda tem um caminho pela frente.

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