Depois de terem lançado as bases da sua linguagem em meados dos anos 80, sobretudo através de singles, mas numa rota igualmente alicerçada em álbuns de apresentação como o foram “Please” (1986), como sinais de evidente evolução no seguinte “Actually” (1987), os Pet Shop Boys rumaram à década de 90 pensando um conceito agregador para cada novo conjunto de canções. Foi assim a partir de “Introspective” (1988), sob olhares introspectivos perante uma festiva música para dançar, continuando a ensaiar modelos, sempre com azimute diferente, nos discos seguintes. É assim, já com a ginástica conceitual bem ensaiada que, após os diálogos com a cultura latina que haviam dominado “Bilingual” enfrentam o desafio de dar forma a um musical criado para um palco de teatro. E é precisamente ao mesmo tempo que iam criando as canções que os conduziriam ao musical “Closer To Heaven” que idealizam um novo disco de estúdio desenhado sob um conceito que se adequa aos cenários de uma cidade à hora de abrir as sala de teatro e, depois, continuar a dar vida às pistas de dança pela noite dentro. Um álbum noturno, portanto. E assim nasceu “Nightlife”.
Ao invés dos conceitos que encaminharam de forma mais evidente as formas musicais exploradas no (de facto) introspectivo “Behaviour” (1991) ou no acima evocado “Bilingual”, o álbum noturno que chegou com o calendário a olhar em frente a chegada iminente do ano 2000, ora experimentava dar forma a canções que depois rumariam ao musical “Closer To Heaven” (como a canção que lhe daria título, “Vampires” ou “In Denial”), ora olhava para lados distintos da noite, da exuberância da pista de dança (“New York City Boy”, “For Your Own Good” ou “Radiophonic”) às facetas mais melancólicas que a solidão ou o fim da festa podem sugerir (aqui em canções como “Hapiness Is An Option”, “Boy Strange” ou “You Only Tell Me You Love Me When You’re Drunk”). O álbum foi apresentado ao som de “Don’t Know What You Want But I Can’t Take It Anymore”, single acompanhado por um teledisco visualmente sofisticado que citava Kubrick e lançava as bases de uma imagem que definiria aquela etapa na vida do duo que, logo depois, apostava como segundo single na reafirmação de uma celebração dos tempos do disco sound (e até mesmo da sonoridade dos Village People, já visitados em “Go West”), desta vez em “New York City Boy”.

O alinhamento de um álbum que, apesar de juntar algumas canções memoráveis, está longe de ser dos mais marcantes da obra do grupo, inclui ainda o já referido “In Denial” dueto com Kylie Minogue que os Pet Shop Boys criam numa etapa em que a popularidade da cantora já não espelhava o encantamento teen de finais dos oitentas e ainda não entrara numa nova etapa que aclamaria como figura maior do firmamento pop contemporâneo. Nota ainda para a colaboração com Craig Armstrong, que assim se junta a uma família de grandes arranjadores (e neste caso também produtor) que ao longo dos tempos têm colaborado com Neil Tennant e Chris Lowe, tal como antes o tinham feito já Anne Dudley ou Alexander Balanescu e Angelo Badalamenti e, depois, juntaria a este grupo nomes como os de Owen Pallett, Andrew Dawson ou James Ford.





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