Mais ligeiros, mais coloridos, mais… pop. De 1983 para 1984 os Wham! reinventaram-se e, deixando para trás as temáticas mais focadas em expressões juvenis de rebeldia, o conflito de gerações ou a procura de um primeiro emprego, que antes haviam servido sob clima white funk entre as canções do seu álbum de estreia (“Fantastic”, de 1983) surgiam animados, logo num primeiro novo single, por ecos da pop clássica dos sessentas. “Wake Me Up Before You Go Go”apresentava uma sugestão leve e luminosa que os elevou ao estatuto de popularidade global que passaram a viver. O teledisco, rodado na Brixton Academy, ajudou a fixar uma nova imagem de teen idols para os dois músicos. E, assim, entrava em cena o primeiro episódio de uma segunda etapa na vida do duo que juntava George Michael e o amigo de infância Andrew Ridgley e que acabaria fixada num álbum cujo título não escondia uma ambição maior de sucesso: “Make It Big”, que chegaria alguns meses depois. Havia ainda um caminho pela frente…

Três meses após a edição de “Wake Me Up Before You Go Go”, um novo single, “Freedom”, confirmava em pleno não apenas os novos caminhos na estética sofisticada mas com alma nostálgica evocativa dos anos 60 que definia os novos caminhos da música dos Wham!, como cimentava um estatuto de celebridade mundial que deles fez, por aqueles tempos, a banda pop de maior impacte entre o público mais jovem. O single deu-lhes visibilidade reforçada durante o verão num percurso rumo ao segundo álbum que teve na verdade continuidade numa canção que vinha dos primeiros tempos de vida do duo, assinada mesmo pelos dois mas que, na hora de ser editada em single, surgiria creditada (salvo nos EUA e Canadá), a George Michael, representando uma estreia a solo que, de certa forma, inicia então a contagem decrescente para o desfecho de uma etapa juvenil na obra do músico (com a consequente decisão de colocar um ponto final na vida a dois como Wham!). 

Apesar de creditada como edição a solo, a vida de “Careless Whisper” acabou irremediavelmente associada ao percurso dos Wham! e, quando a 5 de novembro, surgiu finalmente o muito esperado “Make It Big”,  a balada grandiosa que se tornara já um clássico instantâneo, lá estava entre o alinhamento. Ao contrário do anterior “Fantastic”, o novo álbum deixava a produção nas mãos de George Michael mas, ao invés do que seria depois a sua obra a solo, o alinhamento mostrava um fosso entre o patamar de excelência dos singles e os temas adicionais, literalmente “verbos de encher” que, mesmo perante uma versão de “If You Were There” dos Isley Brothers, mais dois momentos pop de alma pop e soul à la 60s em “Heartbeat” e “Credit Card Baby”, uma balada de tons jazzy em “Like A Baby”, na verdade além dos três singles então já editados o que o álbum trouxe então de verdadeiramente cativante foi aquela que muitas vezes surge entre o lote das melhores criações de toda a obra de George Michael. Editada pouco depois em single como lado B de “Last Christrmas” (mas depois elevada a estatuto de maior destaque como Lado A), “Everything She Wants” revelava uma canção de alma inspirada em ecos do electro funk e que se fez um dos momentos mais inesquecíveis da obra dos Wham!, tanto que foi das poucas canções do duo que o cantor mais tarde apresentou em atuações a solo. 

O sucesso do álbum foi colossal. Mas a semente para o fim já ali estava plantada. Apesar da digressão que se seguiu (que foi a primeira a levar uma banda pop ocidental à China), e da edição dos singles “Last Christmas” (não representado no álbum), ainda em 1984, e “I’m Your Man” já em 1985, chegados a 1986 os Wham! anunciam a separação com um concerto de despedida, uma antologia e um EP (que gerou um derradeiro sucesso global com “The Edge Of Heaven”). Mas, e como “A Different Corner”, também editado em single em 1986, o futuro de George Michael seguiria em frente, agora em nome próprio. 

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