Já por lá tinha passado em visitas anteriores a Nova Iorque, mas daquela vez tinha de regressar ao número 315 da Bowery. Até porque, daí a alguns meses, seria cumprida a ordem oficial e o mais mítico dos clubes de rock da cidade fecharia definitivamente as portas. Chamou-se CBGB, ou seja, as iniciais de country, bluegrass e blues. E acrescentava ao nome as letras OMFUG, que por sua vez traduzia a ideia de “other music for uplifting gourmandizers”… Na verdade foi mais pelo espírito OMFUG do que pela linha sugerida pelas iniciais C, BG e B que o clube ganhou o seu lugar na história da música popular, acabando associado à génese do punk nova-iorquino.
Num incaracterístico edifício, relativamente baixo, com paredes de tijolo, o toldo branco com as iniciais CBGB – OMFUG, a vermelho, não enganava nunca quem passasse então pela movimentada Bowery, uma das artérias centrais do trânsito no East Village, em Manhattan. Sob o toldo uma zona da parede pintada a branco abria espaço para uma porta escura, com uma pequena janela de cada lado, os vidros tradicionalmente pintalgados a flyers anunciando concertos e mais concertos.
Estávamos ainda a meio da tarde, portanto a horas da abertura das portas. Mas a porta na verdade estava aberta, com um cortina escura a separar a rua do clube. Normalmente, depois das portas, os bares têm um pequeno hall, antes da zona de balcão e palco. E só lá para o fundo, fora da movimentação, o escritório. Pois no CBGB, depois da porta, e antes mesmo de entrarmos no bar, os primeiros metros quadrados do clube não eram senão o escritório. Flyers e cartazes na parede, muita papelada sobre as mesas. Um pequeno aparelho de TV a meia altura… Numa das mesas um computador. Estava por lá um pequeno grupo de homens a falar. Conhecia, naturalmente de fotos, a figura de Hilly Kristal, o dono e fundador do clube e, por inerência dos factos, uma espécie de “padrinho” (num sentido que não o dos Corleone) do punk. Não era nenhum entre os que ali via… Perguntei então se estava. Sou jornalista e gostaria de fazer um trabalho sobre o CBGB… Blá blá blá… Certamente mais um entre milhares que ali batiam à porta para fazer o mesmo sobretudo desde que, nos últimos meses, e na sequência de uma questão ligada com a renda daquele espaço, a luta pela sobrevivência do clube o devolvera às páginas dos jornais onde há muito, convenhamos, dele não se falava… Disseram-me que ligasse de manhã, que bem cedo Hilly Cristal lá estaria… Muito obrigado, e até amanhã.
Antes de seguir caminho, entrei pela porta mesmo ao lado. O número 313 da Bowery acolhia então o que cá fora se anunciava como a… CB’s Gallery. Ou seja, uma extensão direta do clube, com um bar já a funcionar à luz do dia, com área para exposições (lá havia naquela altura uma, de pintura) e ainda espaço para uma mini loja CBGB. Ao lado de cartazes ‘Save CBGB’, muito na ordem do dia, ali havia de tudo na “linha” CBGB, das míticas T-shirts negras com o logotipo do clube às variações nos mais variados tamanhos e cores, algumas delas nada punk… Mas no fundo ser avesso ao que se espera pode também ser punk… Havia uma outra T-shirt, imitando a mancha gráfica dos flyers promocionais, com nomes de bandas que por ali tinham tocado ao longo dos anos. Ainda cortinas de duche (sim, havia cortinas para duche) CBGB. Boxers e lenços. Palhetas, porta chaves… Autocolantes, discos em vinil, nenhum deles contudo dos “históricos” que fixariam o nome do clube na história da música. E o livro “CBGB – OMFUG: Thirty Years Of Underground Rock”, uma bela fotobiografia com introdução de Hilly Kristal e prefácio de David Byrne. Fiz umas compras. Marcharam duas T-shirts, uns autocolantes e dois discos em vinil com gravações vintage… Tudo devidamente acondicionado num daqueles sacos de papel brilhante, com asas a imitar corda, como se fossem de uma loja chique de avenida principal. Saco preto, com letras prateadas… Não exactamente… punk desta vez.



Na manhã do dia seguinte chovia a cântaros. Telefonei às nove e pouco, depois de um pequeno almoço com uma incontornável stack de panquecas e uma valente dose de café (daquele que não tira o sono mas sabe bem). Foi o próprio Hilly Kristal quem atendeu. Tudo OK… Podia estar no clube daí a meia hora? Claro. Lá fui a caminho do metro, Manhattan abaixo. Cheguei a tempo e horas. Molhado, mas a horas.
Sentámo-nos no escritório. Ele, de T-shirt oficial do clube e um hoodie cinzento escuro por cima, fazendo ainda as contas da noite anterior. Recordou então memórias. De como tinha aberto o clube em 1973 a pensar numa ementa de som com country, bluegrass e blues. “Não a country de Nashville, mas os idiomas folk, o bluegrass”, explicou. A Bowery era, então, “a pior parte da cidade” e “muita gente nunca viria a este lado”. Havia “medo da zona”, recordou. Tudo mudou quando começou a programar outras músicas. Jazz, rock’n’roll… “Depois toda aquela nova onda de músicos… Chamaram-lhe punk mais tarde, mas no princípio tratámo-los como street rock”, descreveu. Eram, como acrescentou ainda, “miúdos sem nenhum lugar para tocar a sua música, que ensaiavam em águas furtadas, onde também dormiam”. Pois entre os “miúdos” estavam os Talking Heads, os Ramones, Patti Smith, os Television, Richard Hell, Blondie… Toda uma nova geração de bandas que mudaria profundamente a história da música popular.
Falámos e falámos, sem olhar para o relógio. Ou seja, nada daquelas entrevistas em jeito de enlatado para 20 minutos de perguntas e respostas que se tornaram norma no mundo do jornalismo musical. Perguntei então se podia tirar umas fotos às míticas paredes do clube. Força! E ele mesmo me acompanhou na visita guiada…



Pela passagem ao lado esquerdo do vestíbulo/escritório entrámos então na sala principal. O longo bar ficava no lado direito da sala estreita e comprida. À esquerda, e sob uma plataforma elevada, estavam as mesas e cadeiras, àquela hora da manhã ainda arrumadas e empilhadas umas sobre as outras. Ao fundo o palco feito de tábuas, elevando-se a apenas poucos centímetros do chão, adivinhando evidente proximidade entre quem toca e quem assiste. Bateria, microfones, cabos e mais cabos… Colunas de som a meia altura nas paredes, outras levantadas do chão. Ao lado as casas de banho… E pelas paredes um sem fim de graffiti, restos de cartazes e flyers, palavras escritas a caneta, marcas de noites de música ao vivo que, mesmo numa manhã de casa vazia, transbordavam de sugestões de memórias com som.
Faz agora 50 anos que aquele palco vibrava em entusiasmo e ajudava a escrever as mais entusiasmantes páginas musicais do momento. Hilly recordou que aqueles que ali tocavam “não eram os melhores músicos, tecnicamente falando”, mas que aos poucos começou a haver um público mais fiel para alguns deles. Os Ramones, por exemplo, depois de terem tocado umas 20 ou 30 vezes, já tinham ali uma plateia fiel. “Mudaram o estilo, tornaram-se mais coesos e ficaram mais excitantes”, sublinhou. Para si o nascimento de algo que ali ganhou forma deve-se muito à entrada em cena Patti Smith, na Primavera de 1975. “Era já uma figura conhecida. Era uma poetisa reconhecida, respeitada. E a comunidade da poesia começou a aparecer”, recordou. O grupo dela tocou ali sete semanas, com os Television a fazer as primeiras partes. Tocavam, como ele mesmo lembrou, quarto noites por semana, dois sets por noite. Ela tinha já muitos fãs, e trouxe ainda mais. “O Clive Davies, da Arista Records, veio vê-la várias vezes e acabou por assiná-la” e em dezembro o primeiro álbum da primeira geração punk nascia oficialmente. No verão de 75 Hilly montou ali um festival. “Creio que em inícios de Julho”, lembrou, assumindo que “era mais uma operação arriscada”, e por isso publicou “grandes anúncios no Village Voice“. Programou então as “melhores” 40 bandas de rock de Nova Iorque que na altura estavam ainda sem contrato discográfico. O fundador do clube explicou-me que “havia o festival de Newport, de jazz e folk, a decorrer então na cidade, e esperava que toda essa gente visse os anúncios e aparecesse. E apareceram… Vieram os jornalistas, e ficaram surpreendidos com as bandas que ali viram”. E o resto da história já a conhecemos de tantos discos que dali nasceram e tamanhas consequências que tiveram na história da música popular nos últimos 40 anos.
Em jeito de balanço, Hilly afirmou então que gostou do que ali acontecera nos anos 70. “Havia uma necessidade entre os mais jovens para se afirmarem como indivíduos, uma vontade de dizer algo, coisas positivas, coisas negativas. Não era um discurso como o que se fizera contra a guerra no Vietname, era mais individualista. E isso é saudável”, rematou. Despediu-se à porta, com mais uma foto da praxe… Quantas terá tirado iguais aquela?…
O CBGB fechou definitivamente as portas em Outubro de 2006, Patti Smith foi justificadamente a última a pisar o seu palco. Hilly Kristal morreu, vítima de complicações de um cancro, em Agosto de 2007. Hoje, o número 315 da Bowery acolhe uma loja de roupa.

Tirei esta foto a Hilly Krystal por ocasião desta última passagem pelo CBGB. Já a seguir deixo a transcrição da conversa que ali tivémos:
Esta não era nem a música nem o destino que esperava quando abriu o clube em 1973…
A minha ideia era a de abrir um clube de country, bluegrass e blues. Não seria a country de Nashville, mais os idiomas folk, o bluegrass. Entre os artistas que havia na cidade nessa altura falava-se de interesses no city blues, no country blues… O contexto era diferente. E até nas jukeboxes havia singles não dançáveis que algumas rádios tocavam. Eu conhecia alguns músicos nestas áreas, sobretudo no Nordeste. Arranjei este lugar e isso era o que queria fazer.
Esta zona era um lugar bem diferente em 1973…
Sim, a Bowery era a pior parte da cidade. E muita gente nunca vira a este lado. Só aparecia gente do Village e East Village, e mesmo assim… Tudo bem. Mas não conseguia trazer gente de outros lugares, porque tinham medo desta zona.
E o que mudou?
Comecei a programar mais e diferentes géneros de música. E decidi tentar coisa novas. Algum jazz, rock’n’roll… E depois toda aquela nova onda de músicos… Chamaram-lhe punk mais tarde, mas no princípio tratávamo-los como street rock. Eram miúdos sem nenhum lugar para tocar a sua música. Tocavam em águas furtadas, onde também dormiam. Havia os Talking Heads a viver numa água furtada na Broadway, as Stilettos a morar no quarteirão mais abaixo do nosso. E depois os Ramones, de Queens. Os Shirts eram de Brooklyn… Tinham onde ensaiar, mas nenhum clube os deixava tocar a sua música.
E abriu-lhes as portas?
Tentei um dia por semana, sob insistência do manager dos Television, que me convenceu a fazer isto num domingo. Tocaram os Television e os Ramones. E descobri que havia muito mais gente a querer tocar a sua música. Meses mais tarde, pelo Verão, mudei de política. Eu também sou músico, e sempre gostei de compor, sobretudo na esfera da clássica a essa altura. E ver outros a querer fazer a sua música pareceu-me positivo. Vamos nisso, e logo vemos o que acontece.
Era uma opção viável enquanto gestão de um clube?
Levei anos a conseguir ganhar dinheiro. Mas dormia nas traseiras do clube, pelo que não tinha de pagar mais outra renda.
Que grupos lhe deram a impressão de estar a ver mais que pontuais fenómenos localizados, abrindo a consciência de um movimento a dar os primeiros passos?
Não sei bem… Não eram os melhores músicos, tecnicamente falando. Esporadicamente começou a haver um público mais fiel para alguns deles. Os Ramones, depois de terem tocado umas 20 ou 30 vezes, já tinham um público seu. Mudaram o estilo, tornaram-se mais coesos e ficaram mais excitantes. Penso que, quando a Patti Smith começou a aparecer, isto na Primavera de 1975, as coisas começaram-se a compor. Era já uma figura conhecida. Era uma poetisa reconhecida, respeitada. E a comunidade da poesia começou a aparecer. O grupo dela tocou aqui sete semanas, com os Television a fazer as primeiras partes. Tocavam quarto noites por semana, dois sets por noite. Ela tinha já muitos fãs, e trouxe ainda mais. O Clive Davies, da Arista Records, veio vê-la várias vezes e acabou por assiná-la. Foi excitante ver tudo isso a acontecer. Depois montei um festival. Creio que em inícios de Julho… Era mais uma operação arriscada, e publiquei grandes anúncios no Village Voice. Havia tantas bandas que ninguém ainda conhecia… E programei a actuação das melhores 40 bandas de rock de Nova Iorque ainda sem contrato discográfico. Havia o festival de Newport, de jazz e folk, a decorrer então na cidade, e esperava que toda essa gente visse os anúncios e aparecesse. E apareceram… Vieram os jornalistas, e ficaram surpreendidos com as bandas que ali viram.
Clive Davis foi, como disse, o primeiro executivo da indústria discográfica a aperceber-se que qualquer coisa estava ali a acontecer…
Ele sempre foi um homem interessado, mas apenas na Patti Smith. Era quem ele queria. O Seymour Stein assinou os Talking Heads e os Ramones, entre outros mais. O Craig Lreon era um A&R, e aparecia muitas vezes. Os jornalistas começaram a escrever regularmente sobre estas bandas, e os fotógrafos a tirar fotografias… Neste contexto eu só podia continuar a apoiar estes acontecimentos. Foi duro, foi difícil. Trabalhávamos ininterruptamente, mas foi uma aventura. E foi divertido. Sentia-se que qualquer coisa estava mesmo a acontecer. Não sei se seria o sucesso… A Patti Smith foi contratada. Mas foi quando os Ramones assinaram que senti a coisa mais profundamente, porque essa sim, foi uma banda aqui cultivada desde o início. O mesmo posso dizer que senti, depois, com os Blondie, Talking Heads, Shirts, Mink de Ville…
A partir de certa altura, por volta de 1976, o nome do clube tornou-se conhecido, inclusivamente fora do país… As novas bandas punk inglesas também queriam tocar no CBGB…
Creio que isso aconteceu porque o Seymor tinha um acordo inicial com editoras em Inglaterra e Holanda… Eram acordos de distribuição… Ele estava atento ao que estava a acontecer, e levou lá fora os Ramones em digressão. E isso pôs as coisas a mexer mais… Mas já havia bandas em Inglaterra… Só que os jornalistas ingleses não falavam delas no início. Penso que a digressão dos Ramones estimulou a imprensa. As bandas inglesas tocavam até aí em pubs, que fechavam às onze e meia da noite, hora a que todos eram corridos. Nos pubs ingleses havia dois sets por noite, enquanto que nós, em Nova Iorque, apresentávamos quatro, porque também ficávamos abertos até às três ou quatro da manhã. Os jornalistas ingleses aperceberam-se do que estava a acontecer e entusiasmaram-se. Penso que o carácter rebelde do movimento punk até era mais desejado em Londres que em Nova Iorque. Aqui tinha havido uma grande recessão no início dos anos 70, mas as pessoas ainda tinham o suficiente, não era um desastre. As rendas eram baratas, a gasolina era barata. Tudo era barato… Mas em Inglaterra vivia-se um ambiente mais problemático. E os miúdos ingleses não tinham onde ir. A cidade americana que mais se assemelha musical e socialmente ao que então se viva em Inglaterra era Cleveland. Havia muitas bandas de Clevland… E de Buffalo e também Detroit. Havia os Dead Boys, Pere Ubu, Devo, e antes deles outras mais.
Sempre que se fala no CBGB as memórias apontam aos anos 70, mas nos 80 e 90 as bandas nunca deixaram de aqui tocar…
O Lou Reed, por exemplo, já cá vinha antes, mas como tantos outros, só começaram a querer vir tocar quando viram que qualquer coisa estava a acontecer. Nos anos 80, por exemplo, havia bandas como os B-52’s, os Sonic Youth. Os Sonic Youth não eram ninguém quando aqui começaram a tocar, e as pessoas saiam a meio dos concertos deles… Os Swans também aqui passaram nos primeiros tempos.
Já aqui tocaram bandas portuguesas…
Houve uma banda punk muito boa que cá tocou, recentemente… Gostei muito, mas não me lembro do nome da banda. Mas lembro-me que os Shirts foram a Portugal em 1979. Venderam muito bem o Laugh And Walk Away, se não me engano… O grupo está reunido, sem a Annie. Mas soam muito bem. O som é parecido ao que tocavam… Um pouco mais velhos, mas muito bem. O disco deve sair brevemente.
O que pensa destas reuniões recentes: Blondie, Television?…
Os Blondie nunca estiveram realmente separados. Os Television, esses sim, separaram-se, porque o Tom Verlaine é um homem muito estranho. Não o vejo há muitos anos… Éramos amigos… A Patti Smith está muito bem, com o mesmo grupo de sempre. Regressando aos Blondie… Houve uma pausa natural quando o Chris esteve doente, e então tiveram mesmo de parar. Mas recuperou. E a Debbie nunca deixou de trabalhar. Mas do que ela gostava mesmo era da banda…
Qual é o legado do CBGB para Nova Iorque e para a cultura popular em geral?
Gostei muito do que aqui aconteceu nos anos 70. Havia uma necessidade entre os mais jovens para se afirmar como indivíduos, uma vontade de dizer algo, coisas positivas, coisas negativas. Não era um discurso como o que se fizera contra a guerra no Vietname, era mais individualista. E isso é saudável. É importante que os jovens de todo o mundo possam dizer o que sentem. O que aqui fizemos foi isso. E o legado que deixamos foi o termos apoiado, ou mesmo forçado, essa nova geração a dizer o que queriam, a mostrar o que eram, a ser quem eram. Fica o legado por essas e muitas outras razões. O rock’n’roll é uma espantosa força unificadora. É político, mas também anti-político, no sentido em não coloca necessariamente um contra o outro. É fácil de tocar. É fácil pegar numa guitarra e aprender a tocar. Ou o baixo ou a bateria. E se se tem algo para dizer, diz-se. Basta isso. E há quem o faça a vida toda, mesmo que depois venham a ter outras profissões. Espalhou-se pelo mundo fora. E porque é um meio de expressar identidade e sugerir identificação, comunica facilmente com outras pessoas. Junta os miúdos.

PS. Até 2006 não havia então visita a Nova Iorque que não pedisse uma passagem pelo CBGB, velhos hábitos a que só a ordem de despejo colocou um inevitável ponto final. Nesta última visita a ementa de concertos não era particularmente entusiasmante, mas nunca a casa esteve vazia, transformada que estava até (sobretudo para os forasteiros) em altar de romaria obrigatório para todos os que ali reconheciam um espaço de dimensão “bíbilica” na história da cultura rock’n’roll. Na porta ao lado, lá estava a tal CB’s Gallery, que abria as portas logo pela manhã, onde havia memorabillia e merchandise relativos ao clube. T-shirts e outras gracinhas de trazer para casa, discos em vinil, CD, DVD, palhetas-chaveiro, e o que mais se quiser. Trouxe uma dose renovada de T-shirts e os álbuns em vinil… Mas a “gracinha” foi o saco no qual me foram dadas as compras… Um saco daqueles tipo loja chique de roupa, com o logo do CBGB a prateado… Nem o Studio 54 faria melhor! O tom inesperado e algo desajustado daquele saco de alma chique com a marca ligada ao clube que é merecidamente reconhecido como a “casa do rock underground” fez franzir o sobrolho do dono da hoje extinta Rebel Rebel, que era minha loja de discos de colecção favorita em Manhattan… Olhou para o saco, sem saber como reagir… “That makes me feel unsease”… E esta reação um saco colou-se assim a esta última visita ao CBGB.
Fotos de Nuno Galopim





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