As heranças da DFA Records e, em particular, dos LCD Soundsystem fizeram-se notar em vários espaços da invenção musical do início do século. Se pelo mundo fora íamos escutando exemplos dessa influência, era absolutamente natural que essas mesmas marcas estivessem ainda mais nítidas entre as genéticas centrais das obras de músicos nascidos a bordo dessa “família”. E o projeto Museum of Love, que junta em duo Pat Mahoney (antigo baterista dos LCD Soundsystem) e Dennis McNany (que podemos associar ao coletivo que se apresenta sob o nome The Juan McLean) apresentava em finais de 2014 um álbum que traduzia em pleno todo esse corpo de experiências, ao mesmo tempo procurando os dois músicos o encontrar de um caminho seu neste vasto terreno em que partilham gostos e entusiasmos.
O álbum que nos apresentava o projeto, e ao qual chamaram simplesmente “Museum of Love“, revelava uma convidativa carta de intenções na qual, como tantas vezes encontramos em músicos a dar primeiros passos para lá das bandas nas quais nasceram, as afinidades com o seu passado se mostravam evidentes (sobretudo as que unem Mahoney – que aqui canta – aos LCD Soundsystem).
Caminhamos aqui num espaço onde as electrónicas e as relações próximas com os espaços da música de dança definem o terreno a lavrar, sobre o qual se semeiam experiências igualmente atentas a ensinamentos de escolas indie e um interesse claro na exploração da canção. Da luminosidade quase pop de “Fathers” ou “Down South” (onde vários textos de opinião na época assinalaram – com alguma razão – uma aproximação a David Byrne) às experiências electrónicas progressivas de “Monotronic” ou aventuras de rugosidade mais evidente em “The Large Glass”, passando pelos mais evidentes piscares de olho a formas que associamos aos LCD Soundsystem em temas como “In Infancy” ou “The Who’s Who of Who Cares” (belo título!) encontramos um álbum que revela um duo que domina as linguagens sobre as quais tem construído a sua obra, trazendo o melhor de cada um desses mundos a um mapa esteta gourmet que alia a estes sabores um saber cuidado e atento na mesa de produção.
Depois dos LDC Soundsystem, a DFA ia assim apresentando as suas descendências. Talvez não houvesse aqui o mesmo sentido de pioneirismo ou visão. Mas aqui estava, sem dúvidas, um belíssimo disco, episódio primeiro num percurso que, sete anos depois, juntou à discografia dos Museum of Love um segundo álbum: “Life Of Mammals”(editado pela Skit). Em 2024, após um hiato de três anos, editaram um single com duas canções.





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