Jorge Palma tinha um percurso feito entre bandas, gravado com os Sindicato (single “Smile”, em 1971) e já um par de singles editados a solo quando, em fevereiro de 1975 se apresentou no Festival da Canção (que nesse ano teve na verdade como título oficial XII Grande Prémio TV da Canção 1975). E assim, depois da estreia em nome próprio que aconteceu ao som de “The Nine Billion Names Of God” (1972) e do EP “A Última Canção” (1973), do qual duas canções tinham nascido de uma parceria com José Carlos Ary dos Santos, e num ano que seria sobretudo marcado pelo lançamento do seu primeiro álbum, Jorge Palma teve no Festival da Canção um espaço de comunicação que, na verdade, foi duplo, já que ali apresentou duas canções.
Coube a Jorge Palma, em dueto com Fernando Girão, a abertura do desfile das dez canções a concurso com “Pecado do Capital”, com letra sua e música de Pedro Osório. A solo, voltamos a encontrá-lo a fechar o lote das canções concorrentes, desta vez com “Viagem”, da autoria de Nuno Nazareth Fernandes (música) e Gisela Branco (letra). Jorge Palma, que recordou recentemente, num podcast da revista Blitz, esta passagem pelo Festival da Canção apontando que ele e Girão foram considerados os mais mal vestidos que ali estavam, descrevendo o momento como uma “rebaldaria” mas também uma “festa”, viu estas suas duas canções a chegar a disco.

Editado na Zip Zip, tal como acontecera com o EP de 1973 e com a outra canção em dueto apresentada no festival, “Viagem” revela uma visão orquestral exuberante, juntando instrumentos elétricos e até mesmo a presença de sintetizadores num arranjo (do próprio Jorge Palma) que tira partido da orquestra ali convocada. No lado B do single surgia “Se… (De Repente)”. “Viagem” terminou o festival em oitavo lugar.
Vale a pena lembrar ainda que Jorge Palma regressaria ao Festival da Canção em 2018, como autor, dando à voz de Rui David a canção “Sem Medo”.





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