Nascida em Lisboa, Berta Cardoso (1911-1997) estreou-se a cantar, com apenas 16 anos, no Salão Artístico de Fados, no Parque Mayer. O sucesso imediato garantiu-lhe ali trabalho regular, sendo, pouco depois, uma das primeiras fadistas profissionais a ter frequentemente presença em novas produções de teatro de revista. Já na década de 30 ganha lugar entre as vozes que conhecem primeiras campanhas de internacionalização do fado, com sucessivas temporadas bem sucedidas no Brasil, que cimentam um estatuto que em Portugal, ao mesmo tempo, a consagra no Retiro da Severa.
Berta Cardoso grava pela primeira vez em Madrid em 1931, em registos editados pela Odeon nos quais é acompanhada por Armandinho e Georgino de Sousa. Continua a gravar nos anos seguintes. E data de 1936 um disco de 78 rotações no qual regista, numa das faces, “Uma Hora, Duas Horas”, de Silva Cardoso e Jaime Santos, e “Cruz de Guerra”, um fado canção de Armando Neves e Miguel Ramos.
“Cruz de Guerra” parte de um poema de alma trágica assinado por Armando Neves que que venceu o Prémio Literário Antero de Quental (promovido pelo Secretariado de Propaganda Nacional do Estado Novo). As palavras evocavam memórias da presença de soldados portugueses nos campos de batalha da I Guerra Mundial, observando uma mulher que perdeu de um filho, dor que ela sabe ser partilhada por muitas outras mães em situação comum.

Este disco, que corresponde à primeira das três vezes que Berta Cardoso gravou “Cruz de Guerra”, conquistou um êxito tremendo e durante anos foi presença regular na programação da Emissora Nacional. Apesar de ter entretanto concluído os estudos em enfermagem, Berta Cardoso nunca deixou de cantar, mantendo atividade até 1982.





Deixe um comentário