A edição de 1975 do Festival da Canção é um verdadeiro “case study”… Em pleno PREC, com o discurso político a dominar as conversas do quotidiano e as vozes mais ligadas à canção política a conhecer um momento de natural protagonismo no plano da edição e divulgação discográfica, o concurso acaba por refletir esse ar dos tempos… Concorrem, entre outros, nomes como os de José Mário Branco (com o GAC), Jorge Palma, Duarte Mendes (que venceria) ou Paco Bandeira. Sérgio Godinho entrou também no concurso, embora apenas como autor, tendo chamado Carlos Cavalheiro para interpretar uma canção com música e letra suas.

Carlos Cavalheiro, natural da Nazaré, teve primeiros momentos de visibilidade discográfica quando, em 1973, os Xarhanga, banda que traduzia o emergente hard rock, apresentou os singles “Acid Nightmare” e “Great Goat”, ambos editados pela Zip Zip. Além da voz, na banda Carlos Cavalheiro era ainda o responsável pelas letras das canções.

Também membro dos Xarhanga, Júlio Pereira esteve igualmente presente no passo seguinte da obra de Carlos Cavalheiro, editando ambos, em parceria, o álbum “Bota Fora” (Orfeu, 1975), disco que traduz ecos do tempo social, cultural e político do Portugal de então e no qual colaboram, como letrista, nomes como os de Manuel Alegre, Fausto, José Mário Branco ou Sérgio Godinho.

E foi Sérgio Godinho quem o chamou para cantar “A Boca do Lobo”, canção que concorreu ao Festival da Canção num ano em que estavam também a concurso nomes como o GAC ou Jorge Palma. A canção terminou a noite com 59 pontos, apenas dois a menos do que a “Madrugada” vencedora, na voz de Duarte Mendes.

“A Boca do Lobo” teve edição em single pela Guilda da Música. No lado B surgia “Liberdade Económica”, canção com letra de José Mário Branco e música de Fausto.

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