Nascida em Paris em 1947, filha de um letrista (que chegou a escrever canções para ela) e de uma cantora, France Gall tinha já gravado duas canções de Serge Gainsbourg – “Laissez Tomber les Filles” e “N’Ecoute Pas les Idoles”, ambas editadas em 1964 – quando, em 1965, viveu um momento de triunfo eurovisivo com “Poupée de Cire Poupée de Son”, com letra e música desse que hoje reconhecemos como uma das figuras maiores da canção popular francesa.
A canção, que evoca duas leituras possíveis, da mais direta imagem da boneca de cera aos cilindros de cera que corresponderam a antepassados dos discos na história do som gravado, correspondeu a uma primeira vitória eurovisiva de linguagens da emergente cultura pop, deu então visibilidade não apenas a France Gall mas ao próprio yé yé francês que, poucos anos antes, tinha dado primeiros sinais de visibilidade internacional com Françoise Hardy. A própria France Gall comentou depois o contraste que havia entre esta proposta e as demais concorrentes, notando inclusivamente um desconforto da orquestra pelo ritmo mais alucinante da sua canção.

“Poupée de Cire Poupée de Son” chegou então a disco numa gravação que teve lugar nos Studio Blanqui, em Paris, contando com arranjos de Alain Goraguer. Depois seguiram-se versões em alemão, italiano e até mesmo em japonês. Ao longo dos anos seguintes surgiram diversas versões desta canção por nomes como, entre outros, os Belle & Sebastian ou os Arcade Fire. Quanto a Serge Gainsbourg esta não correspondeu à sua única passagem pela Eurovisão, regressando em 1967 em nome do Mónaco com “Boum Badaboum” de Minouche Barelli e, em 1990, finalmente pela França, com “White and Black Blues”, na voz de Joelle Ursull.





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