Esta história começou há seis anos. Com uma mão-cheia de grandes canções (sobretudo recrutadas entre memórias do Brasil elétrico dos anos 70 e 80), acompanhado por uma banda com músculo e vestido por Lino Villaventura, Ney Matogrosso embarcou numa aventura que continua viva e vibrante, tanto que este domingo regressa a Portugal, desta vez para encerrar o segundo dia da segunda edição do Coala realizada deste lado do oceano. O músico, que nos últimos anos editou uma série de singles, o álbum“Nu Com A Minha Música” e recentemente juntou ao seu percurso um disco criado em colaboração com Hecto (“Canções Para Um Novo Mundo”) e acompanhou o lançamento da sua biografia, assinada por Julio Maria (que o trouxe em 2024 ao Fólio, em Óbidos), tem contudo aqui um dos seus projetos mais longevos. E se o “Bloco na Rua” continua a caminhar pelos palcos, aqui e ali atualizando o corpo de canções apresentadas, a memória deste projeto está já fixada tanto em vídeo como áudio, num registo captado e editado em 2019.

Lançado no formato de duplo CD, “Bloco Na Rua” é um fiel retrato de um espetáculo que, dada a curadoria do projeto, em nada se compara aos demais discos ao vivo de Ney Matogrosso. Se o título lembra desde logo uma canção que nasceu num álbum de 1973 de Sérgio Sampaio. Depois caminhamos entre criações de Rita Lee (“Jardins da Babilónia” e “Corista de Rock”), Raul Seixas (“A Maçã”), Milton Nascimento (“Coração Civil”), Caetano Veloso (“Como 2 e 2”, que Gal Costa cantou) ou a versão em língua portuguesa (por Chico Buarque) de “Yolanda”, de Pablo Milanés. E revisitou também lugares já por si antes percorridos, como o “Postal de Amor” que gravou com Raimundo Fagner em 1975, ou o histórico legado dos Secos e Molhados como “Sangue Latino” e “Mulher Barriguda” ou “Tem gente com fome”, com música de João Ricardo para um poema de Solano Trindade que a censura não autorizou e Ney acabou por gravar mais tarde, em 1979. 

O disco está disponível nas plataformas de streaming. Já o CD é difícil de encontrar por estes dias…

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