A obra em disco de Peter Gabriel pode ter adquirido um ritmo mais do que bissexto no segmento das gravações em estúdio, com apenas quatro títulos lançados no século XXI. São eles “Up” (2022), “Scratch My Back” (2010), “New Blood” (2011) e “I/O” (2023), na verdade só o primeiro e quarto deste lote correspondendo a discos com canções inéditas. Podemos ainda juntar  este rol os álbuns “OVO” (a música para um espetáculo no Millenium Dome, de 2000) e a banda sonora de “Long Walk Home: Music from the Rabbit-Proof Fence” (2002). Nentanto, neste mesmo intervalo, e partindo de gravações ao vivo, não só foram lançados os álbuns “Live Blood” (2012), “Back To Front” (2014) e “Growing Up Live” (2019), reeditado pela primeira vez em vinil o álbum “Secret World Live” (originalmente lançado em 1992) e apresentada uma série de caixas com inúmeras gravações da totalidade dos concertos de várias etapas de diversas digressões, criadas em parceria com a companhia TheMusic . Com, correspondendo este acervo a um total de 233 CD ao vivo. Estas gravações, que documentam viagens pela estrada desde 2003, surgiram sobretudo como um modo de combater o aparecimento de bootlegs. São peças para colecionador, para admiradores, mas não deixam de alargar o âmbito do que uma discografia habitualmente traduz na hora de retratar a vida em palco de um músico. 

Apesar de nascido num plano mais discreto e restrito, uma vez que foi aberto apenas a membros do Full Moon Club de Peter Gabriel, um concerto realizado na sala grande dos estúdios Real World chega agora a disco, acrescentando um título oficial à discografia ao vivo do músico. O volume reduzido da plateia (que o som dos aplausos confirma) e a intimidade do espaço (que traduz a ideia de receber “em casa”) fazem de “In The Big Room” um título em tudo diferente das demais gravações de palco captadas frente a grandes plateias. O alinhamento aqui documenta tanto os ecos da digressão Growing Up Live (de 2002 e 2003) e o que seria a etapa seguinte, a Still Growing Up Live, de 2004. De novo face ao que até então Peter Gabriel estava a apresentar na estrada escutam-se aqui canções como “Burn You Up, Burn You Down”, “Games Without Frontiers” ou “The Tower That Ate People”. Em palco Peter Gabriel está acompanhado por Tony Levin (baixo), David Rhodes (guitarra), Ged Lynch (bateria), Richard Evans (guitarras, bandolim), Rachel Z (teclas e coros) e Melanie Gabriel (coros), esta última partilhando em dueto o protagonismo em “Downside Up”. O disco teve uma primeira vida em 2024 sob o título “Lunatics In The Big Room” numa edição (também digital) para os membros do clube de fãs de Peter Gabriel.

“In The Big Room”, de Peter Gabriel, está disponível nas plataformas de streaming numa edição da Real World. Uma edição em suportes físicos está prevista para mais adiante.

Foto de: York Tillyer

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