Do encantamento primordial por sons naturais a uma curiosidade que o levou a explorar vários caminhos e possibilidades, Hermeto Pascoal (1936-2025) nasceu num município rural no estado de Alagoas e cedo começou a tirar sons da natureza e de objetos do quotidiano. Autodidata, aprendeu a tocar no acordeão do pai, com esse instrumento tendo iniciado uma vida profissional quando, em 1950 se mudou para o Recife, onde iniciou um percurso na rádio.

Trabalhou no Rio de Janeiro mas foi ao mudar-se para São Paulo, em 1961, que a sua música alcançou outros desafios e patamares de visibilidade, trabalhando com Airto Moreira ou Edu Lobo, entre muitos mais. O primeiro álbum do seu próprio grupo, “A Música Livre de Hermeto Pascoal”, data de 1970, seis anos antes do célebre “Slave Mass”, gravado nos EUA, que lhe deu maior projeção internacional, cimentada depois por discos como “Trindade (1977) e Zabumbê-bum-á” (1978).

Em 1979 partilhou o palco em Montreux com Elis Regina. Entre os anos 70 e 80 tocou com nomes como Miles Davis, Chick Corea, Sadao Watanabe ou Dizzy Gillespie. Desta década datam obras como a “Sinfonia em Quadrinhos”, que apresentou com a Orquestra Jovem de São Paulo ou a “Suíte Pixitotinha”. Em 2019 venceu um dos seus três Grammys Latinos, este na categoria de Melhor Álbum de Música de Raízes em Língua Portuguesa, com “Hermeto Pascoal e Sua Visão Original do Forró”.

O seu mais recente disco, “Pra você, Ilza”, devolveu-o aos espaços do jazz em 2024. Desse ano data ainda a publicação da biografia “Quebra tudo! – A arte livre de Hermeto Pascoal”, assinada por Vitor Nuzzi. Ao longo da sua vida foi distinguido com o grau de doutor honoris causa pela Juilliard School (nos EUA), pela Universidade Federal da Paraíba e ainda pela Universidade Federal de Alagoas.

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