
Qual foi o primeiro disco que compraste?
Foi realmente há muito tempo, mas estou certa que comprar comprar, com o meu dinheiro foi “o grande circo místico” do Chico Buarque, na sequência de estar irremediavelmente enamorada da “ópera do malandro” do mesmo autor; disco esse que conhecia as canções todas de trás para a frente. Comprei-o já tardiamente e numa das primeiras viagens a Paris.
E o mais recente?
O mais recente e foi também há alguns anos, foi “Anthology” da Janis Joplin. Comprei em vinil, tal como o que ouvi vezes sem conta em casa dos meus pais. Estava “perdido” num caixote de cartão, entre outras preciosidades, numa loja de discos algures na Bélgica. Achei piada em ter outra vez esse disco em vinil, porque entretanto já o tinha em CD.
O que procuras juntar mais na tua coleção?
As minhas memórias, a música que me fez crescer e aprender e é curioso ter juntado centenas de discos, assim sem dar por isso.
Um disco pelo qual estejas à procura há já algum tempo.
Um disco “perdido” do Charlie Haden com o Paredes. Foi das primeiras coisas que comprei e desapareceu. Devo ter emprestado a alguém e agora não o consigo encontrar.
Um disco pelo qual esperaste anos até que finalmente o encontraste.
Não me lembro…
Limite de preço para comprares um disco… Existe? E é quanto?
Ui, já comprei coisas caríssimas só porque queria muito ter e tinha oportunidade. Verdadeiro absurdo hoje em dia, tipo a remasterização dos discos dos Beatles ou Cecília Bartoli num disco/pesquisa do espólio de Maria Malibran.
Lojas de eleição em Portugal…
Só se for a Fnac, pelo menos não frequento outra, que a existir deve ser uma raridade também.
Em viagem lá fora também visitas lojas de discos? Quais recomendas?
A Concerto, em Amesterdão. Brutal! Tem absolutamente TUDO, fica na Utrechtstraat e a última vez que la estive falavam em fechar. Como é possível, um monumento daqueles?
Compras discos online?
Sim.
Que formatos tens representados na coleção?
Vinil e CD.
Os artistas de quem mais discos tens?
Zeca, Amália, Brel, Elis.
Há editoras das quais tenhas comprado discos mesmo sem conhecer os artistas?
Comprado não, mas já me ofereceram muitos assim e quase sempre boas surpresas.
Uma capa preferida.
The Beatles – Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band. Perco-me sempre, quando olho para aquele “onde está o Wallie”!
Um disco do qual normalmente ninguém gosta e tens como tesouro.
Tenho vários tesouros mas nunca me disseram que não gostam!
Como tens arrumados os discos?
Neste momento, em estante e todos misturados porque me mudei há pouco tempo e não tive tempo de os organizar ainda. Os vinis também, ao alto e sem uma ordem específica, mas aqui nesta casa, tenho poucos comigo, talvez uns cem?
Um artista que ainda tenhas por explorar…
Um que ainda não ande por aí a circular.
Um disco de que antes não gostasses e agora tens entre os preferidos.
“Livro” do Caetano Veloso. Tou viciada em tanta beleza e modernidade.
Tens discos que sejam peças de coleção?
Sim, o Fado Hilário cantado por Amália, em 78 rpm
Há discos que fixam histórias pessoais de quem os compra. Queres partilhar um desses discos e a respetiva história?
O “Rara e inédita” de Amália. A história já foi exaustivamente divulgado, mas abreviando, foi devido a esse disco que eu comecei a cantar. O meu avô ofereceu-o quando fiz 18 anos e foi uma enorme descoberta, do fado e da voz de Amália.
Um disco menos conhecido que recomendes…
Isso é discutível, não? Para mim pode ser pouco conhecido e no entanto ser extensamente divulgado. Por exemplo, estou a seguir com muita atenção Tim Bernardes, coeso, bem gravado, grandes canções. Enfim, se as pessoas precisam conhecer mais? Sim, precisam! Mas todos os bons autores precisam ser mimados e extensamente divulgados para que a sua criatividade e audácia não morra na praia, o que nos dias que vierem requer enorme força anímica.