Wendy Carlos “Switched-On The Brandenburgs” (1980)

A música de Bach acompanhava Wendy Carlos desde o seu primeiro disco. Editado em 1968 Switched on Bach incluia no seu alinhamento o Concerto de Brandenburgo nº 3. E pouco depois gravaria os concertos números 4 e 5 respetivamente nos álbuns The Well Tempered Synthesiser (1969) e Switched on Bach II (1973), juntando os três num álbum lançado em 1975 pela CBS (o último que editou assinado como Walter Carlos). Pela frente surgia um desafio maior com a ideia de  uma “integral” deste conjunto de seis concertos de Johann Sebastian Bach. E assim surgiu, em 1980, e pela primeira vez com o nome de Wendy Carlos refrido na capa, o álbum Switch On Brandenburgs – The Complete Concertos, duplo LP em edição pela CBS.

Numa entrevista que podemos ler no interior da capa “gatefold” do LP, Wendy Carlos explica que, na hora de preparar esta integral, consultou várias partituras destes concertos de Bach, observando-as ao detalhe, frase a frase, notando no final a existência de diferenças, sublinhando que “no final não há uma verdadeira autoridade” capaz de assegurar qual será a versão mais fiel à original e que, na verdade, pode apenas dizer que “tem mais fé neste manuscrito ou naquele”, e que “há sempre questões válidas que podem ser lançadas” sobre todos eles, admitindo até que “os dois lados de uma eventual discussão poderão até ser razoáveis”.

Wendy Carlos justifica assim as escolhas que assumiu. E depois observa o modo como fez a abordagem a esta música, usando sintetizadores, embora tentando sempre “recriar o que pudesse estar na mente de Bach quando compôs estes concertos”. Sobre a diferença de abordagens entre o que seria a visão de Bach e a que propõe aqui lança depois uma comparação pertinente com o modo como Ravel “olhou” à sua maneira para as partituras de “Quadros Numa Exposição” de Mussorgsky quando propôs um arranjo orquestral.

Rachel Elkind, produtora que então ainda trabalhava com Wendy Carlos, acrescenta depois que a ideia de recriar os sons de Bach não eram um “motivo suficiente” para criar estas abordagens. O seu interesse ao fazer esta integral dos Concertos de Brandemburgo fora a de “procurar um vocabulário de sons para sintetizador que pudessem tornar-se parte da linguagem orquestral”. No fim o que fizeram, como remata Wendy Carlos “foi uma nova orquestração”.

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