Wendy Carlos “Tron – Original Motion Picture Soundtrack” (1982)

Um dos marcos do cinema de ficção-científica dos oitentas, Tron (Steven Lisberger, 1982) revelava uma história vivida entre o mundo real e o virtual, isto numa altura em que os computadores começavam aos poucos a entrar no quotidiano (então ainda mais no mundo do trabalho que no espaço da vida doméstica). Importante esforço pioneiro na área da animação digital, Tron cruzava espaços e objetos criados por computador com imagens reais, estabelecendo através da linguagem visual (e sonora também) uma imediata separação entre o espaço da vida real e o mundo dos computadores entre os quais evolui a ação.

Em traços largos, Tron narra a odisseia de um programador, autor de jogos de sucesso (Flynn, interpretado por Jeff Bridges), a quem a autoria das patentes foi “roubada”, obrigando-o a viver das moedas que todos os dias entram nas máquinas da sua sala de jogos vídeo. Um programa de controlo que, entretanto, tiraniza o mundo virtual, desvia-o do mundo real para o espaço digital. E aí, entre programas rebeldes à nova ordem, o “utilizador” que veio do outro mundo luta pela restauração da liberdade…

Produção da Disney, Tron convocou para o trabalho de criação da sua banda sonora a então já “veterana” Wendy Carlos, cuja história de relacionamento com o cinema tivera um momento ímpar em A Laranja Mecânica, se Stanley Kubrick, realizador que a voltara a chamar, embora sem o mesmo protagonismo, para a criação de música para Shining.

Apesar da inevitável presença maior das eletrónicas, sublinhando de resto o que era uma relação direta com a própria temática do filme, Wendy Carlos compôs para Tron uma banda sonora na qual os sintetizadores dialogam com a presença de uma orquestra sinfónica. A criação da música para Tron correspondeu ao primeiro trabalho de Wendy Carlos já sem a colaboração de Rachel Elkind e, inicialmente, previa apenas a escrita de peças para sintetizadores. Foi a própria Wendy quem manifestou interesse em criar igualmente a partitura orquestral, que seria gravada pela London Philharmonic Orchestra, dirigida por Douglas Gamley, antes mesmo de Wendy Carlos juntar as sequências eletrónicas que ela mesmo interpretou. O alinhamento do disco inclui como extra a canção Only Solutions, dos Journey, que se ouve no filme (mas na verdade nada tem a ver com o resto da banda sonora).

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