
Em meados dos anos 80, com uma programação em estações de FM claramente atenta aos fenómenos de êxito pop/rock internacionais do momento, e com o panorama discográfico nacional a traduzir igualmente um protagonismo maior dos fenómenos pop (mas não só), as compilações de sucessos estão já longe de mostrar um mapa de êxitos semelhante ao que tinha definido este tipo de lançamentos nos anos 70. Os espaços da Eurovisão, dos êxitos populares mais associados às festas populares nos dias de verão e o disco sound, que eram terrenos então frequentes, tinham desaparecido dos acoplamentos destas compilações. E Top Jackpot, LP duplo que a EMI lançou no verão de 1986, estava na verdade em sintonia com outras compilações do género então lançadas noutros mercados europeus. O mapa da popularidade era agora pop. E o fosso que nos afastava da Europa dez anos antes tinha, pelo menos por aqui, desaparecido.
Pelo alinhamento deste Top Jackpot passam alguns dos maiores êxitos pop/rock internacionais de finais de 1985 e do primeiro semestre de 86. It’s a Kind of Magic dos Queen, Life’s What You Make It dos Talk Tak ou Kiss de Prince são alguns exemplos de presenças já de carreira reconhecida, espaço que aqui está ainda representado por nomes como os Cars, Joe Cocker, Stevie Nicks, Patti Labelle (em dueto com Michael McDonald) ou Cliff Richard, que surgia numa velha canção aqui recriada com um grupo de humoristas. Ao mesmo tempo apresentavam-se novos talentos em tempo de afirmação, nomeadamente os Pet Shop Boys (com West End Girls), os A-ha (aqui com a mistura original de Take On Me) ou os Simply Red com Holding Back the Years. Caso de sucesso pop recente, os Alphaville surgiam com Dance With Me, single de avanço de um segundo álbum que não repetiu o impacte popular do primeiro. Os Sigue Sigue Sputnik, de quem muito se falava por estes dias, estão aqui ao som de Love Missile F1-11, o seu verdadeiro “clássico”, produzido por Giorgio Moroder.
Pelo alinhamento aparecem nomes que marcaram pontualmente o mapa pop de meados dos oitentas, uns com mais êxitos do que outros, alguns com maior visibilidade lá fora do que aqui, ou vice-versa. Alguns deles casos de one (ou two) hit wonders… Howard Jones, Belouis Some, Matt Bianco, Katrina & The Waves (com Is That It? a milhas de Walking on Sunshine ainda longe da vitória eurovisiva de 1997), The Dream Academy. Já os noruegueses Monroes, de quem mal se ouvira falar depois de Sunday People, têm aqui Cheerio, o seu segundo êxito. O italo disco, que daria que falar pouco depois, já se escutava aqui com Mirage dos Scotch.
O departamento nacional da editora estava representado pelos Rádio Macau (Lua Assassina), Jorge Palma (Quarto Minguante), Francis (Strings), Dany Silva (Lua Nha Testemunha) e Trovante (Namoro II). Latino Americano, de Spunky (de Maria Paula Monteiro, com produção e remistura de José Maria Corte Real) e Mama Mia do projeto Bluff (Guilherme Inês, Luís Oliveira, Zé da Ponte), são casos hoje algo esquecidos de produções pop dançáveis então feitas entre nós. Spunky ainda gravaria um segundo single. Do projeto Bluff não creio que tenha surgido mais nada além deste single (e máxi).




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