Pedro Primo Figueiredo

Foi jornalista uma década e qualquer coisa até, há poucos meses, ter mudado de vida e optado pela assessoria de imprensa na área política. É da linha de Sintra, já morou em Bruxelas, está agora, de há uns anos para cá, nos Açores. Escreveu em revistas ligadas à música como a Mondo Bizarre ou a DIF, tendo também dado uma perninha pontual na agência Lusa – nomeadamente em festivais. Tem 36 anos, uma coleção de discos dividida entre casas e garagens, mas algumas memórias ainda bem vivas.

Qual foi o primeiro disco que compraste?

Creio que terá sido a compilação “Tejo Beat”, em 1998. Ou um disco dos Pantera. Sei que foi nesse verão, com uma qualquer mesada. Os meus primeiros CDs foram comprados na Loja da Música, em Massamá, quando lá morava. Comprei o “Cowboys From Hell”, dos Pantera, porque estava a dois contos e qualquer coisa. Eu ouvia na altura algum rock mais musculado – ainda hoje o faço, mas menos. Lembro-me que a rodela era cor-de-rosa. O “Tejo Beat” já é fruta diferente, ainda hoje é um disco icónico dos anos 1990 portugueses.

E o mais recente?

As reedições dos My Bloody Valentine, remasterizadas este ano pelo próprio Kevin Shields, se não me engano.

O que procuras juntar mais na tua coleção?

CDs baratos, em segunda mão – saudades de ir a Londres varrer as lojas da especialidade. Mal a pandemia acalme e lá irei. Uma ou outra novidade pontual e edições especiais de três, quatro artistas de eleição, mas o Spotify efetivamente veio mudar os meus hábitos.

Um disco pelo qual estejas à procura há já algum tempo.

Não posso dizer que seja há muito tempo, mas no ano passado falhei o “See You In The Next Life”, dos Suede, no Record Store Day de 2020, edição em vinil, toda catita. Agora só mesmo no Discogs mas os preços não andam convidativos. E ando com medo do Brexit e de eventuais sobrecustos alfandegários.

Um disco pelo qual esperaste anos até que finalmente o encontraste.

Nenhum me ocorre no imediato.

Limite de preço para comprares um disco… Existe? E é quanto?

Nem por isso, mas tudo depende do produto. Se for uma caixinha especial, uma edição comemorativa impecável, aí considero esticar um pouco o orçamento. Para CDs ou vinis normais, sem elementos distintivos, faz-me confusão ultrapassar o bom senso.

Lojas de eleição em Portugal…

Vivendo nos Açores, como vivo agora, centro-me mais no online. Em São Miguel recomendo a La Bamba, provavelmente a loja de discos mais a ocidente da Europa.

Em viagem lá fora também visitas lojas de discos? Quais recomendas?

Faz parte do roteiro. Acima de tudo lojas em segunda mão. As de Berwick Street, em Londres, claro.

Compras discos online?

Muitos.

Que formatos tens representados na coleção?

CDs, acima de tudo. Algum vinil. K7s não consigo atingir. E depois consumo muito em ‘steaming’.

Os artistas de quem mais discos tens?

Suede, quase tudo e um par de botas. Ryan Adams, muita coisa também. The Gift a nível nacional. Placebo deixei de colecionar há dois ou três álbuns, mas da primeira metade de carreira devo ter quase tudo.

Há editoras das quais tenhas comprado discos mesmo sem conhecer os artistas?

Talvez. 4AD e Matador vêem-me à cabeça.

Uma capa preferida.

The Strokes, “Is This It”. Absolutamente icónica.

Um disco do qual normalmente ninguém gosta e tens como tesouro.

Talvez o “Hurry Up, We’re Dreaming”, de M83. Adoro e não conheço muita gente com quem partilhar este apreço.

Um nome que ainda tenhas por explorar…

Música brasileira. Caetano Veloso à cabeça.

Como tens arrumados os discos?

Neste momento, arrumado não é o termo. Tenho espalhados entre casas e a garagem dos meus pais. O caos, à espera que eu um dia assente e consiga organizar globalmente a coisa. Mas, em teoria, sou fã da ordem alfabética. E separando os portugueses dos demais.

Um disco de que antes não gostasses e agora tens entre os preferidos.

Talvez a discografia, no geral, de Pink Floyd. Tinha uma embirração em adolescente, nem sei bem porquê. A idade adulta fez-me bem neste campo.

Como cresceu a coleção em tempo de pandemia?

Pouco. O consumo aumentou, devido ao Spotify, mas as compras nem por isso.

Há discos que fixam histórias pessoais de quem os compra. Queres partilhar um desses discos e a respetiva história?

Ocorre-me o “Standing on the Shoulder of Giants”, de Oasis. Na altura os discos saíam à segunda-feira e, nesse disco, juntei-me com um grupo de amigos e fomos à Valentim de Carvalho do Rossio, acho – teria sido já a FNAC dos Armazéns? -, para fazer a compra em massa. O disco ainda não estava exposto, lá andámos umas horas a fazer tempo, mas ninguém voltou para casa sem a pérola dos manos Gallagher.

Um disco menos conhecido que recomendes…

Virginia Astley, “From Gardens Where We Feel Secure”. Conhecia mal e porcamente até que um dia, creio que nesta mesma pergunta, o Nuno Gonçalves te respondeu com este disco. Fui redescobrir e é de facto uma pérola que merece o Olimpo que não tem tido.

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