Clube 33 (Lisboa)

Abriu há poucas semanas no número 33 da Rua dos Poiais de São Bento. Aposta sobretudo em vinil novo mas tem também uma secção para discos usados.

Pode ser fruto de coincidência, mas há um jogo de significados quando vemos tantas vezes é enunciado o número 33. Surge no nome de uma recente loja de discos de Lisboa. Corresponde ao número da porta… E indica o número de rotações a que o gira-discos roda para tocar um LP (na verdade 33 1/3, mas essa coisa das frações fica para o andar 7 1/2 do Being John Malkovich ou a plataforma 9 3/4 do Harry Potter). “O nome foi um processo simples, o conceito do que queríamos construir já era agregador, daí o Clube”, explica Alexandre Travessas, um dos responsáveis da loja. “A porta ser o 33 e as 33 rotações acabou por fechar o nome”, confirma.

A loja abriu há poucas semanas na Rua dos Poiais de São Bento, mesmo ao lado do Incógnito e ocupa um espaço que revela traços do tempo, sobretudo nas arcadas de pedra que ali encontramos. “O local já o tinha há algum tempo, era uma antiga padaria em que ainda preservamos o forno e uma laje do antigo negócio”, conta Alexandre, que revela mais um detalhe: “houve planos para ser restaurante e chegou a ser escritório”. A Clube 33 “nasceu da necessidade de encontrar um novo desafio para a pós-pandemia”. Alexandre “já trabalhava no meio como agente e produtor” e, “ao perder trabalho” decidiu “avançar para um novo projecto” A ideia “era formar um clube de música, com destaque para os discos, com programação de festas, exposições e apresentações”. Por agora “é só loja de discos, que acaba por ser um sonho de adolescência tornado realidade”. Alexandre colecciona “desde novo” quando ficou com a “pequena colecção” da mãe. O facto de “ter crescido nos 90s no meio de muitas bandas e concertos” fez com que nunca perdesse “o amor e interesse pelos discos”. Agora, “poder trabalhar com discos é fulfilling”, acrescenta. A equipa da loja “no momento” é constituída pelo próprio Alexandre Travessas e “José Rodrigues da LOUD!/Blitz, que é também coleccionador, melómano e com uma ligação muito estreita com os discos”.

A loja vive sobretudo de uma oferta em vinil novo, uma aposta porque, explica Alexandres, “faz sentido ter novos lançamentos, faz sentido as lojas de discos terem novidades e promove-las”. Em Portugal, “as bandas ligam muito pouco aos discos, vêm apenas como um motivo para dar concertos, e as lojas ligam muito pouco aos novos discos”. Sobre a oferta que a Clube 33 propõe Alexandre conta: “Gosto de pensar que a oferta é generalista e ecléctica. A base talvez seja mais rock, indie rock, world, mas também comercial e sons extremos. A língua portuguesa também está representada. Há alguns géneros e artistas que não existem em algumas lojas em Lisboa e que tentamos obter. Procuramos ter também os clássicos intemporais, as grandes bandas e os grandes nomes, bem como algumas novas tendências. Acredito que há espaço e culto para ter o comercial e os nichos numa loja de discos. O que não temos é muita música electrónica”

Ao fundo da sala, num armário mais pequeno, surge a oferta em vinil usado. “A zona de usados está em construção, vai aumentar nos próximos meses, mas os novos continuarão a dominar. A nossa limitação será sempre o espaço disponível. Apesar da loja ter bastante espaço, queremos mantê-lo amplo para quem nos visita”, diz o responsável.

E para lá dos discos? “Além de eventos onde recebemos DJ Sets, flash tatoos, retratos, temos duas marcas portuguesas com os seus produtos à venda: “A Not Yet Famous”, com uma gama de T-shirts e a “Santos da Casa Fazem Milagres” onde temos alguns trabalhos de escultura relacionados com música, como o Santo Bowie ou o Santo Mercury. Temos ainda uma sala onde iremos fazer exposições e eventos. Esperamos conseguir avançar para uma programação mais regular após o verão. Além destes planos, gostava de promover um ciclo de concertos, apresentações de novos talentos e de criar um podcast sobre discos e música portuguesa”.

Para primeiros olhares sobre a Clube 33 podem visitar a sua página no Instagram.