Gravado no Tower Theatre, em Filadélfia, entre os dias 8 e 12 de julho de 1974, “David Live” é um retrato de um momento de transição, acolhendo ainda as memórias recentes da etapa Ziggy Stardust / Aladdin Sane e também do mais recente “Diamond Dogs”, mas projectando já sinais do piscar de olho ao rhythm’n’blues que ganharia forma, em 1975, no álbum “Young Americans” (no qual estava então já a trabalhar) e do qual nasceria a sua visão de uma plastic soul, como lhe chamou. Este foi um flirt que, de resto, teve em Filadélfia o epicentro que gerou todos os acontecimentos.
O disco serve de retrato à primeira etapa da “Diamond Dogs” Tour, digressão que se estendeu ao longo de junho e julho 1974. Seguir-se-iam outras duas mais etapas, cumprindo esta digressão um total de 73 concertos apenas no Canadá e EUA entre os meses de junho e dezembro.
O palco revelava uma ambição cénica que suplantava o que se vira na anterior digressão que acompanhara a “vida” do alter-ego Ziggy Stardust. O palco recriava a visão da Hunger City na qual eram projetadas as narrativas das canções de Diamond Dogs, expressando também ali ecos de visões distópicas inspiradas pelo 1984 de George Orwell. E não será por acaso que é precisamente o 1984 de Bowie o tema que abre o alinhamento.

Para chamar atenções para a edição de um álbum ao vivo David Bowie optou por levar ao formato de single um clássico da soul music. Afinal era por essas referências que começava a encontrar o rumo para um novo álbum de originais que editaria no ano seguinte e por esses caminhos seguiam já marcas evidentes do som que apresentava em palco. É assim que surge a edição em single de “Knock on Wood”, um clássico imortalizado por Eddie Floyd no catálogo da Stax Records, ao qual Bowie junta aqui, no lado B, “Panic In Detroit”.
PS. É verdade que a gravação célebre do concerto de encerramento da Ziggy Stardust Tour, que D.A. Pennebaker filmou. Mas não só o filme como o próprio registo áudio dessa mesma noite, em disco, chegaria bem depois.





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