E os cartuchos? Alguém ainda se lembra dos cartuchos?

O crescimento do mercado do automóvel no pós-guerra colocou novos desafios, um deles apontado à música. Seria possível ouvir música no carro? Os formatos em disco – do shellac ao vinil – seriam inevitavelmente inviáveis num carro em andamento. E as bobinas de fita magnética (em voga desde os anos 40) não era também uma solução prática. Surgiram então ensaios para guardar as fitas dentro de invólucros e, depois, modos de assegurar a passagem de faixas e poder rebobinar. Um processo de evolução, que passou pela invenção de cassete “sem fim” em 1952 (que criava a ideia de loop numa fita em eterna repetição), acabou por  procurar como base de trabalho um modelo de “cassete” – a Magazine Loading Tape Cartridge – desenvolvido pela RCA e apresentado em 1958. Esse seria um dos pontos de partida para chegar, já nos anos 60, a uma cassete a que se chamou entre nós “cartucho” (mas que em língua inglesa se define habitualmente como 8 track tape).

Este formato de cassete foi desenvolvido em conjunto não apenas por companhias na área da eletrónica e do áudio, mas também com intervenção da própria indústria automóvel (nomeadamente a Ford e a General Motors). O “cartucho” revelava-se de facto uma forma viável de reproduzir música num veículo em andamento. E rapidamente começou a surgir uma oferta de “cartuchos” gravados que muitas vezes apareciam no mercado cerca de um mês após o lançamento do respetivo disco em vinil.

O sucesso deste formato ocorreu em mercados como o norte-americano, canadiano, australiano, neozelandês, britânico, alemão e italiano. E a procura de títulos gravados atingiu uma tal expressão que em breve haveria uma oferta de leitores de cartuchos não apenas instalados nos veículos mas também em versões caseiras.

O cartucho (de 8 pistas, daí o nome “track”) prosperou até finais dos anos 70 quando um outro novo formato – o da cassete compacta – entrou em cena e rapidamente desviou para si os consumos. O cartucho existiu como formato de venda de música pré-gravada até aos anos 80. Mas os novos leitores de cassetes compactas e o aparecimento do walkman dirigiu para essas outras cassetes, bem mais pequenas, o apetite dos consumidores de música. Os últimos títulos pré-gravados foram editados em 1990. Por essa altura os cartuxos sobreviveram em versões de trabalho em estações de rádio – para uso de jingles, publicidade e ‘sem-fim’. Mas rapidamente também aí cederam o lugar em pouco tempo.

Hoje em dia encontram-se, ocasionalmente, velhos cartuxos em antiquários e algumas lojas de discos usados. Há mesmo assim um espaço de colecionismo em inclusivamente, um site especializado neste formato. Leitores de cartuchos são, contudo, ainda mais difíceis de encontrar. Em Dallas (Texas) e em Roxbury (Nova Iorque) há dois museus dedicados à história dos suportes de áudio pré-gravado. Ambos respondem sob o nome 8-Track Museum e têm uma coleção de cartuchos.

Cartuchos no 8 Track Museum, em Roxbury, NY (EUA)

Um pensamento

  1. No OLX aparecem alguns cartuchos de musica a venda, também podem encontrar leitores e gravadores de cartuchos. Desconfiar dos mais baratos pois dizem que funciona e depois chegamos a casa e funcionar significa que ligados a corrente o mostrador do radio acende mas a a parte do leitor de cartuchos não funciona nem o radio dá som. Por isso o melhor é experimentar antes de comprar… eu que o diga queimei 25 euros… 🙂

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