
Compositor popular… Artista de variedades… Aprendiz de feiticeiro… José Mário Branco, do Porto. Foi assim que se apresentou em tempos um dos nomes maiores da música popular portuguesa que hoje nos deixou, aos 77 anos. Uma história feita de canções, de lutas, de valores, que traduzem já mais de meio século da história social, cultural e política do nosso país.
Foi durante o exílio em Paris que descobriu uma voz própria na canção, explorando primeiro palavras de outros (nomeadamente do cancioneiro medieval português) depois encontrado também um espaço para da sua escrita fazer nascer música. Começou por editar discos que chegavam a Portugal “por debaixo do balcão” das lojas. Regressou com o 25 de abril. E durante algum tempo afastou para uma vivência coletiva – através do GAC, do teatro, do cinema – o seu trabalho como músico.
Retomou o percurso assinado em nome próprio em finais dos anos 70, juntando sempre a cada disco novas demandas (da música às próprias estratégias de edição discográfica). Abraçou novos projetos coletivos. Alargou o espaço de trabalho noutras frentes (entre as quais a da produção). Foi uma reconhecida referência na história da canção política em Portugal. Mas mesmo sempre cunhada por uma personalidade atenta e crítica, a sua obra não se esgotou nesse universo. Foi é uma das mais importantes da história da música portuguesa.
Um pensamento