Paulo Garcia

Tem 49 anos feitos no passado dia 11. É autor de um dos mais antigos e reconhecidos blogues sobre música, o Planeta Pop, que já virou programa de rádio e podcast. Neste momento é curador de playlists para um serviço de streaming internacional.

Qual foi o primeiro disco que compraste?

O primeiro disco que comprei de forma consciente, ou seja, sabendo o que estava a comprar (embora ainda com o dinheiro dos meus pais) foi o Heart of Glass, dos Blondie. Tinha oito anos e comprei-o como prenda de aniversário para oferecer a um amigo que morava no mesmo prédio. Passávamos muito tempo a brincar na casa dele e, como na casa dele havia um gira-discos e na minha não, esta foi a forma que encontrei para ouvir mais vezes aquela canção que conhecia da rádio e tanto gostava. Foi a chamada “prenda egoísta”.

E o mais recente…

O mais recente foi o The Gouster, um dos álbuns “perdidos” de David Bowie, disco que estaria na origem do Young Americans e que eu adoro, ainda mais que o próprio Young Americans, que já é um disco notável. Finalmente encontrei uma cópia a um preço razoável no Discogs, vendido fora da caixa Who Can I Be Now. Uma verdadeira pérola que não podia deixar escapar. Aguardo por uma oportunidade semelhante para deitar as mãos a uma cópia da regravação do álbum Never Let Me Down, que vem na caixa Loving The Alien. Vai acontecer.

O que procuras juntar mais na tua coleção?

Essencialmente, álbuns. Quando gosto muito de um álbum (o que é cada vez mais raro), gosto de o ter em vinil. O grosso da minha colecção está centrada em álbuns das décadas de 70, 80 e 90. Em especial, dos anos 80, o período que mais me marcou como melómano. Tudo o que seja pop electrónica daquela época, interessa-me. Assim como toda a diversidade sónica e estilística que brotou do pós-punk e da new-wave. Também tenho alguns máxis dos meus artistas preferidos, muito por causa das famosas “versões extensas” que eram incluídas nos 12”, algumas delas autênticas pérolas. Mas não é um formato prioritário. Singles, tenho alguns que foram ficado comigo aos longo dos anos, mas não compro.

Um disco pelo qual estejas à procura há já algum tempo.

Não é bem estar à procura, porque já os encontrei, sei onde eles estão. Não estão é disponíveis a preços convidativos. Estou à espera de uma oportunidade para lhes deitar a mão a um preço decente. Incluem-se nesta categoria Thank You, o disco de covers dos Duran Duran, o Black Tie White Noise e o Buddha of Suburbia, do Bowie, por exemplo. Ou o Funky Little Demons, dos Wolfgang Press, o Lifeblood, dos Manic Street Preachers, o Mamouna, de Bryan Ferry, e muitos, muitos outros.

Um disco pelo qual esperaste anos até que finalmente o encontraste.

O Bloodline, dos Recoil. Não porque seja propriamente um disco raro, mas não é fácil encontrar uma cópia em excelente estado a um preço aceitável.

Limite de preço para comprares um disco… Existe? E é quanto?

Sim, claro. Pagar mais de 50€ por um disco já é entrar numa certa especulação que não alimento. Há discos a serem vendidos por preços verdadeiramente insanos. Jamais pagaria esse tipo de valores por um disco, mesmo que me tivesse saído o jackpot no Euromilhões. Estou a marimbar-me para a edição XPTO, ultra-rara, de um disco que só foi editado, em 1966, no Burkina Faso. Não liga nada a isso. Uma boa prensagem, um disco bem preservado e que toque bem e uma capa em bom estado, são suficientes para mim. Não me faz particularmente feliz ter um disco que mais ninguém tem. Não pago por esses “privilégios”. Nada contra quem paga, atenção, cada um gasta o seu dinheiro onde bem entender. E sempre é melhor gastá-lo em discos…ehehehe…

Lojas de eleição em Portugal…

Louie Louie, Carbono, Fnac, Discolecção…são as que mais visito. São poucas, apesar de tudo, mas gabo a carolice de quem se dedica a este “negócio”, na maioria dos casos, por um puro amor à música e aos discos.

Feiras de discos. Frequentas?

Já fui a uma ou outra, mas não sou frequentador assíduo. Não tenho pachorra para confusões e para os preços infeccionados de alguns discos que por lá se vendem.

Fazes compras ‘online’?

Sim. Através do Discogs, da alemã Fun Records e os novos através da Amazon espanhola.

Que formatos tens representados na coleção?

Já tive milhares de CDs, mas aqui há uns anos, ainda antes do triunfo do streaming, quando comecei a tomar consciência de que ouvia mais ficheiros digitais no iPod e no computador do que CDs, desfiz-me de quase todos eles e investi a sério no vinil, um formato que sempre amei. De momento, o vinil é o grosso da minha colecção. CDs, não devo ter mais que 100. E, mesmo assim, nem esses tocam.

Os artistas de quem mais discos tens?

A minha “santíssima trindade”: Duran Duran, David Bowie e Depeche Mode.

Editoras cujos discos tenhas comprado mesmo sem conhecer os artistas…

4AD, Mute e, mais recentemente, a DFA, talvez tenham sido as editoras que segui com maior atenção e que sempre me garantiram um selo de qualidade. Qualquer novo artista destas editoras sempre suscitou a minha curiosidade, mas não me recordo de ter comprado algum disco dessas editoras sem conhecer os artistas. Não tenho por hábito comprar discos às cegas. Mas já aconteceu, nos tempos em que comprava CDs, comprar discos dos quais apenas conhecia uma ou outra canção. Agora, sem conhecer os artistas, que me recorde, nunca aconteceu.

Uma capa preferida.

Tenho tantas… Sou fascinado pelo grafismo das capas de discos. Hoje, neste momento, escolheria o Violator, dos Depeche Mode, assinada pelo Anton Corbijn. Amanhã, talvez escolhesse outra… o Rio, dos Duran Duran, ou The Man Machine, dos Kraftwerk, o Low, do Bowie, o It’ll End in Tears, dos This Mortal Coil…ou uma qualquer dos Visage, Japan, OMD ou Ultravox…..ficava aqui uma vida a citar capas de discos que adoro.

Um disco do qual normalmente ninguém gosta e tens como tesouro.

Dos discos que tenho, escolheria o Sadness, dos Enigma. Hoje, poucos têm pachorra para aquilo, mas na altura que saiu, em 1991, para além de ter sido um sucesso comercial estrondoso, era um tema que passava em algumas das noites mais “alternativas” do Bairro Alto. Só depois de tanta exposição é que passou a ser foleiro gostar. Ainda hoje continuo a achar que aquilo está muito bem feito. Tenho o 12” e continuo a gostar de ouvir.

Como tens arrumados os discos?

Duran Duran, Depeche Mode e David Bowie à parte e o resto por ordem alfabética.

Um artista que ainda tenhas por explorar…

Nina Simone. Tenho duas compilações dela em vinil, alguns álbuns em ficheiro digital, mas quero mergulhar mais fundo na discografia desta cantora assombrosa. Há muito para explorar.

Um disco de que antes não gostasses e agora tens entre os preferidos.

Não era que não gostasse, mas não lhe dava a atenção que merecia…talvez o In the Hothouse, dos The Sound.

Já compraste discos que, afinal, já tinhas? Caso sim, quais.

Sim, mais do que uma vez, umas vezes conscientemente, outras nem por isso. Por exemplo, tenho todos os primeiros 5 discos dos Duran Duran a dobrar, assim como alguns dos Depeche Mode, Talk Talk, This Mortal Coil, Roxy Music, Human League, U2, OMD…Gosto de ter mais do que uma cópia dos meus discos preferidos, aqueles que considero os discos da minha vida. Mas também já comprei discos repetidos sem querer, sim. Olha, o Upstairs at Eric’s, dos Yazoo, por exemplo.

O que fazes com os discos repetidos?

Depende. Uns, fico com eles, outros vendo ou dou.

Um disco menos conhecido que recomendes…

São imensos, mas há um em particular que gostaria de destacar, por gostar tanto dele e por ter passado tão ao lado das atenções do publico e crítica nacionais, You Are Everything, de Steven Kilbey e Martin Kennedy, dois conceituados músicos australianos, um deles o líder e vocalista dos The Church, o outro, o mentor dos All India Radio. Lançado em 2013, este foi o terceiro álbum editado pela dupla e é um disco recheado de belas canções, que nos seduzem com a sua melancolia e atmosferas sonhadoras. Urgente descobrir.

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