Em tempo de estreia do episódio final da saga Star Wars aqui fica a memória de uma abordagem disco sound à banda sonora do filme de 1977 apresentada nesse mesmo ano pelo italo-americano Meco. Texto: Nuno Galopim

Chama-se Domenico Monardo e, em finais da década de 70, era um músico já com alguma experiência tanto em trabalho de estúdio, tocando em sessões para vários artistas ou bandas, ou já como produtor tendo o seu nome nos créditos de, por exemplo, Never Can Say Goodbye, de Gloria Gaynor. Nascido na Pensilvânia em 1939 numa família de ascendência italiana, Domenico assistiu ao filme Star Wars, de George Lucas, no dia em que estreou nos EUA, em finais de maio de 1977. Gostou tanto que um dia depois estava a ver novamente o filme, e repetiu a dose por mais algumas vezes até que lhe ocorreu uma ideia: que tal transformar a música de John Williams, criada para o filme, numa visão mais próxima do disco?… Vale a pena sublinhar que a Febre de Sábado à Noite só chegaria aos ecrãs alguns meses depois e que, apesar de já ter gerado alguns êxitos, o disco estava ainda longe de representar o fenómeno global mainstream que ganharia em forma em 1978…
Assinando como Meco, apresentou então à editora Casablanca um conjunto de ideias que começaram por não gerar entusiasmo maior até ao momento em que, confrontada com os resultados de bilheteira e do sucesso de produtos entretanto associados ao filme, a editora acabou por dar um sim, encaminhando o disco para uma etiqueta menor do seu catálogo.
As leituras disco de momentos da banda sonora composta por John Williams cativaram atenções, sobretudo a fanfarra que abriu sempre os filmes da saga e também o momento mais “pop” galáctico, pela Cantina Band, que se escutava na cena num bar em Mos Eisley. Tanto que esses dois temas, reunidos num single, chegariam ao número um na tabela da Billboard nos EUA.
Editado no início do outono, Star Wars and Other Galactic Funk apresenta, no lado A, uma sucessão de arranjos disco para sequências da banda sonora do filme. O lado B acrescenta uma série de originais num tom muito distante.
O gosto de Domenico Monardo pelo cinema fê-lo regressar e este modelo com os álbuns Encounters of Any Kind (ainda em 1978) ou Superman and Other Galactic Stories (já em 1978). O álbum gerou um fenómeno de culto depois de dissipado o momento de sucesso claramente ligado ao filme. Nasce desse estatuto de culto o encantamento que, anos depois, levou, por exemplo, o português Moullinex a interpretar estas versões no Lux (Lisboa).
Esta abordagem disco não é o único episódio musical pop do universo Star Wars. Há, de resto, singles e canções pop nascidas das próprias bandas sonoras. Um dos exemplos é o double A side com o Main Theme e o tema da Cantina Band que, surgidos na banda sonora do filme de 1977, tiveram direito a edição em single, tal como quatro anos depois, a Imperial March – estreada em O Império Contra-Ataca – também teve lançamento em formato de 45 rotações.

Além da música da Cantina Band outro momento pop da música da saga Star Wars surge numa sequência no palácio de Jabba The Hutt, em O Regresso de Jedi. Composta por John Williams, com letra traduzida para ‘hutês’, Lapti Nek vê-se no filme a ser ali interpretada pela Max Rebo Band. As versões usadas pelo filme e no disco da respetiva banda sonora são diferentes (em disco surge a versão longa, cantada em inglês). Na edição especial de 1997 a canção seria substituída por Jedi Rocks. Foi contudo Lapti Nek o tema a merecer edição em single em 1983.
Também ligada à banda sonora de O Regresso de Jedi está Ewok Celebration, tema do qual Meco fez uma versão que editou em single em 1983, incluindo no lado B uma leitura de Lapti Nek.