Os melhores de 2019 (Gonçalo Cota)

Mais um ano, mais uma lista. E aqui está o meu balanço musical, onde o gosto pessoal impera, dividido em três listagens distintas: os dez melhores discos de música internacional, os dez melhores discos produzidos em território português e ainda um conjunto de dezanove canções que ajudam a mapear o ano que agora finda. Ah! Apenas uma breve nota de quatro excelentes concertos, todos de mulheres: Rosalía (NOS Primavera Sound), Janelle Monae (Super Bock Super Rock), Robyn e a incrível Grace Jones (ambas no NOS Alive). Texto: Gonçalo Cota

Música Internacional

Esta foi, provavelmente, a lista mais difícil de se concretizar desde que o Nuno me convida a fazê-las: se em 2017 o lançamento dos discos de Björk, Arca e o disco ao vivo (e de remate final) dos The Knife permitiram (re)centralizar o meu gosto musical em torno de abordagens mais desafiantes, Rosalía desencantou, em 2018, um dos mais ricos longas-duração que já escutei – dialética entre tradição e futurismo – confluindo e agregando formas culturais tão distintas.

2019 não teve, para mim, um disco, um episódio ou uma característica tão marcante como os dois anos anteriores. Resta apenas afirmar que foi um ano onde a globalização imperou na produção musical: seja pela emergência de estilos musicais, como k-pop, o funk brasileiro ou o reggaeton, a tomarem (cada vez mais) conta dos tops, seja pela boa herança eurovisiva deixada este ano (o que é raro) – com destaque para o italiano Mahmood e os islandeses Hatari. 

Ainda assim: o surgimento de Billie Eilish veio desafiar os propósitos da música mais mainstream; Angel Olsen, Solange e Weyes Blood continuam a densificar uma identidade musical própria, a desconhecida Lingua Ignota e inglesa FKA Twigs trouxeram registos pautados pela estranheza e ousadia e Madame X chega-nos como o melhor disco de Madonna desde 2005 (desculpem o saudosismo pelo Confessions, mas, novamente, são gostos). 

No topo da minha lista, temos os veteranos Nick Cave e Thom Yorke,: o primeiro traz-nos um disco glorioso, em que a memória do filho é ecoa do início ao fim, o segunda lanço o seu melhor disco a solo, aquele que mais escutei este ano e o que me abriu as portas para escutar atentamente a discografia dos Radiohead – ANIMA.

1. Thom Yorke – ANIMA
2. FKA Twigs –Magdalene
3. Nick Cave & The Bad Seeds – Ghosteen
4. Billie Eilish – When We All Fall Asleep, Where Do We Go?
5. Angel Olsen – All Mirrors
6. Madonna – Madame X
7. Weyes Blood – Titanic Rising
8. Lingua Ignota – Caligula
9. Solange – When I Get Home
10. James Blake – Assume Form

Música Portuguesa

Destaquei, em 2017, o Perto de Ti como uma das minhas principais descobertas. Mal sabia que, dois anos depois, o seu regresso destacar-se-ia fortemente no panorama musical português. Falo, claro está, de Lena d’Água. Desalmadamente tem sinais muito presentes da sonoridade-tipo de Benjamim, o timoneiro deste novo disco, e de uma nova vaga de músicos pop como Luís Severo, Primeira Dama ou Filipe Sambado, mas sem se desagregar da identidade e história da veterana, cabendo cada canção como uma luva. Que grande festa! 

Branko e Pongo continuam, de forma criativa e pujante, o legado dos Buraka Som Sistema – que são, para mim, a marca mais importante da história da música portuguesa escrita neste século. Mayra Andrade e Dino d’Santiago relembram-nos que a nossa geografia musical estende-se muito para além do nosso território à beira-Europa plantado. Bairro da Ponte, de Stereossauro, é o casamento perfeito entre a eletrónica e as múltiplas faces da música portuguesa, desde o fado ao hip hop. E, por falar em hip hop: Slow J volta a posicionar-se com um alfaiate de histórias com o disco surpresa You Are Forgiven


1. Lena d’Água – Desalmadamente
2. Branko – NOSSO
3. Stereossauro – Bairro da Ponte 
4. Pongo – Baia
5. Slow J – You Are Forgiven 
6. Mayra Andrade – Manga
7. Dino d’Santiago – Sotavento
8. Emmy Curl – Øporto
9. Luís Severo – O Sol Voltou
10- Salvador Sobral – Paris, Lisboa


19 canções para arrumar o ano

Uma lista diversa, mas, acima de tudo, uma lista de canções que pontuam a ideia de globalização e descentralização da produção musical  – conseguimos escutar aqui canções em, catalão, árabe, italiano ou crioulo cabo-verdiano – havendo contudo uma predileção pela  pop eletrónica. Mais do que discos, são estas canções que traduzem o que foi (o meu) 2019. Até para o ano!

Billie Eilish – bad guy

Björk – Features Creatures (The Knife remix)

Branko ft. Dino d’Santiago – Tudo Certo

Caligula – Faithful Servant Friend of Christ

Cinematic Orchestra ft. Moses Sumney – To Believe

Conan Osiris – Telemóveis

FKA Twigs – Mary Magdalene

Floating Points – Falaise

Hatari ft. Bashar Murad – Klefi

Lena d’Agua – Grande Festa

Madonna – God Control

Mahmood – Barrio

Moses Sumney – Virile

Nick Cave – Waiting for You

Rosalía – A Palé

Slow J ft. Sara Tavares – Também Sonhar

Stereossauro ft. Ana Moura – Depressa Demais

Thom Yorke – Not the News

Weyes Blood – Movies

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