Joao Branco Kyron

Membro co-fundador dos Beautify Junkyards, que já contam com três álbuns,  Joao Branco Kyron tem tido um percurso bastante activo no cenário musical português desde os finais dos anos 90. Integrou os Hipnótica, banda que editou cinco álbuns entre 1999 e 2010 e a solo lançou o álbum “O Maquinista”, projecto de poesia, música e imagens. Ao longo dos anos esteve envolvido na criação de bandas sonoras associadas ao cinema e à dança. Actualmente também tem actuado como DJ em alguns bares e salas da capital.

Foto: Lois Gray

Qual foi o primeiro disco que compraste?

A memória que tenho é de ter sido um single do Gary Glitter “I am the leader of the gang”.

E o mais recente…

Um dos mais recentes foi um EP do Paul Weller que foi agora editado pela Ghost Box Records. Em tempos de confinamento a música tem sido companheira e foco de esperança no futuro. Tenho tentado, na medida do possível, continuar o hábito de adquirir discos e sobretudo e apoiar as nossas lojas locais que neste momento enfrentam um cenário difícil. Têm sido criados uma série de incentivos como portes gratuitos, entregas ao domicílio e vários tipos descontos. Apoiem os nossos!

O que procuras juntar mais na tua coleção?

A minha colecção é bastante eclética,  mas os géneros que mais tenho procurado ultimamente são: Electrónica (coisas antigas e contemporâneas), bandas sonoras, library music e acid folk.

Um disco pelo qual estejas à procura há já algum tempo.

Recorrendo à minha extensão de memória que se chama Discogs, posso citar por exemplo, uma banda sonora de um filme brasileiro que é a “Noite do Espantalho” da autoria de Sérgio Ricardo, ou um EP bastante raro dos Broadcast que só foi vendido numa tour deles, o “Mother is the milky way”.

Um disco pelo qual esperaste anos até que finalmente o encontraste.

Um álbum chamado “Edge of time” dos DOM, tinha uma versão em CD e finalmente encontrei em vinil na feira de vinil de Utrech, um dos meus álbuns favoritos da Kosmische germânica.

Limite de preço para comprares um disco… Existe? E é quanto?

Normalmente não cometo grandes loucuras nas compras que faço, não ando à procura de edições raras, mas de vez em quando há edições especiais e/ou limitadas em que gasto um pouco mais.

Lojas de eleição em Portugal…

Frequento mais as lojas de Lisboa, onde moro. Regularmente faço as minhas incursões pelas lojas da cidade à espera de ser surpreendido, às vezes sigo o roteiro do Chiado e passo pela Loiue Louie, Peekaboo e Discolecção outras vezes vou até mais longe e passo pela Groovie e Flur. São lojas que gosto bastante e até certo ponto, complementares em termos de de colecção.

Feiras de discos. Frequentas?

Sim, costumo ir aqui em Lisboa, de vez em quando apanho umas em Londres e fui uma vez à feira de Utrech (talvez a maior feira de disco da Europa), onde é aconselhável tomar um ansiolítico antes de entrar no recinto.

Fazes compras ‘online’?

Sim, compras mais direccionadas de certas editoras que não têm distribuição cá, algumas coisas no Discogs ou então directamente no Bandcamp das bandas.

Que formatos tens representados na coleção?

Na sua maioria vinil e CD, também tenho algumas coisas recentes que só tiveram edição em K7

Quais são os artistas de quem mais discos tens?

Não sei bem, mas posso citar alguns de quem tenho muita coisa, como os Kraftwerk, Can, Boards of Canada, Broadcast, Dead can Dance.

Editoras cujos discos tenhas comprado mesmo sem conhecer os artistas…

Warp, 4AD, Folklore Tapes, Ohr…

Uma capa preferida.

Uma que gosto muito é a do “Hangman’s Beautiful Daughter” dos Incredible String Band.

Uma disco do qual normalmente ninguém gosta e tens como tesouro.

Não é bem que ninguém gosta, mas é um disco “difícil” de experimentações electrónicas e spoken word que eu considero um catalizador de inspiração, o “Flowers of Evil” da Ruth White baseado nos poemas do Baudelaire.

Como tens arrumados os discos?

Grande parte dos discos estão no meu estúdio caseiro e esses estão por géneros, depois há uma secção com álbuns que utilizo mais quando vou a algum sítio passar música e uma secção na sala junto à aparelhagem com os álbuns que mais estou a ouvir no momento.

Um artista que ainda tenhas por explorar…

Tenho ouvido no Youtube coisas muito boas dos primeiros álbuns da Gazelle Twin, tenho que explorar mais, principalmente o primeiro álbum que é o “The entire city”

Um disco de que antes não gostasses e agora tens entre os preferidos.

Não propriamente um disco, mas uma banda que nos anos 80 eu não ligava nada eram os Pink Floyd, estava mais virado para a electrónica e pós-punk, só mais tarde fui descobrir os primeiros álbuns e as bandas sonoras, que hoje estão entre os meus favoritos.

Já compraste discos que, afinal, já tinhas? Caso sim, quais. E o que fazes com os discos repetidos?

Sim, já me aconteceu algumas vezes, por exemplo com os dois primeiros álbuns dos Human League e com um álbum do John Foxx. Às vezes ofereço a amigos, outras vendas revendo ou troco.

Há discos que fixam histórias pessoais de quem os compra. Queres partilhar um desses discos e a respectiva história?

Sem dúvida, o “Closer” dos Joy Division, lembra-me as festas no Rio de Janeiro que fazíamos no terraço no topo do edifício onde morava um amigo. O “LC” dos Duruti Column lembra-me sempre a minha mãe, quando eu punha o disco (no meio de todo o pós-punk) ela entrava no quarto e dizia “este sim eu gosto muito”, o “Music has the right to children” dos Boards of Canada associo às férias em Odeleite, passear pelo campo com o tijolo a ouvir o álbum.

Um disco menos conhecido que recomendes…

A banda sonora do filme “Wickerman” criada pelo Paul Giovanni e os Magnet. São canções folk ritualísticas e encantatórias, para mim uma das melhores bandas sonoras, principalmente pela forma como adorna o filme. Experimentem ouvir por exemplo a “Willow´s song”. 

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