Dez discos que definiram o meu gosto – Pedro Saraiva

Cada disco pode contar várias histórias. E quem quiser mais do que ficar olhar para as capas pode agora ler aqui… Dez discos… e as respetivas histórias. E assim nasce o gosto de cada um. E hoje quem partilha aqui os seus dez discos e as respetivas memórias é o Pedro Saraiva.

Em primeiro lugar, devo dizer que é uma escolha muito difícil. em segundo lugar, vou falar mais dos discos que me definiram como músico. Texto: Pedro Saraiva

Bee Gees “Saturday Night  Fever – The Original Movie Soundtrack”

(1977)

Podia estar a falar de Abba, mas este disco foi mais importante. Para alem de um disco também é um filme. Pelo menos é assim que eu o ouço. É com este disco que percebo que o falsete deixa de ser um adereço, e passa para o papel principal. Foi a partir dos Bee Gees, com a ajuda do Travolta, que eu descobri a minha paixão pelo Disco Sound. De repente parece que estou a ouvir todos os hits dos anos 70 num só disco.

Duran Duran “Duran Duran”

(1981)

Primeiro álbum. Foi tão importante que tirei os baixos todos desse disco, é por isso que ainda hoje o meu instrumento principal é o baixo. Foi nesta altura que montámos as primeiras salas de ensaio, sempre com um pedal flanger atrás e uma camisa de folhos vestida. Romantics, Porto style. Foi tão forte o impacto desse álbum. Lembro-me de uma historia muito cómica na minha adolescência: a minha irmã, ia casar no inícios dos anos 80, e eu precisava de um fato. Lá andei a chatear o meu pai para me levar ao alfaiate dele. E tanto insisti que lá fomos nós. Eu ia com os posters das revistas da altura (Bravo) entre outras. Estava insistentemente a especificar a um senhor mais velho que o meu Pai o que queria que ele fizesse, e foi ai que percebi que, por muito mal que nos fique um fato, só temos de fingir que era essa a ideia. 😉

Japan “Tin Drum”

(1981)

Foi sem duvida um ano importante para os meus ouvidos, passar dos Duran para Japan não é difícil de perceber. A art pop dos Japan no Tin Drum, deixava-me colado ao sofá a tentar perceber todos os pormenores. A voz do Sylvian, o grupo mais original da historia do funky minimalista. Já não o ouvia o Tin Drum há algum tempo, voltei a ouvir agora para falar um bocado no assunto… E verifiquei que sinto o mesmo groove que sentia na altura, a imagem auditiva do disco é a mesma. Não foi pensado, mas o que tentei levar para os D.R.Sax foi o visual do Sylvian. Como se pode dizer, olha, quero um baixista para a minha banda mas que toque pop oriental, só o Mick Karn podia fazer isso. Era um baixista magnífico que nunca recebeu os elogios que realmente merecia.

Michael Jackson “Thriller”

(1982)

Quando descobri o Michael Jackson. Fascinou-me logo a ideia do vídeo, parecia uma curta metragem de terror a soar a tropical. Até os zombies começam a dançar, um disco pop maravilhoso mais uma vez o mundo parava para eu ouvir todas as músicas com atenção. O M.J. sempre foi muito talentoso, mas esse álbum é o melhor que ele nos deu.

Prince “Purple Rain”

(1984)

Bom… a partir daqui o mundo mudou para mim. Podia falar em vários disco do Prince, mas este é o primeiro que eu ouço vezes sem conta e o meu mundo se resume a isto. Mais uma vez tem um filme por trás. É um disco com alguns hits que se consomem em vários anos, lembro-me de ter gostado de algumas músicas anos depois. Wendy e Lisa têm um papel muito importante nesse disco.

Scritti Politti  “Cupid & Psyche 85”

(1985)

Não podia deixar de falar neste disco. Haveria outras bandas como os Blow Monkeys por exemplo… Numa face em que os brancos se transformaram em negros, com sintetizadores sax e pandeiretas. O nu-disco que se faz hoje em dia, vai beber muito aos arranjos desse álbum.

David Bowie “Let’s Dance”

(1983)

Ao falar neste disco tenho de falar em Nile Rogers, e só tenho uma coisa para dizer: como conseguiu ele pôr uma musica escrita por David Bowie e Iggy Pop, a soar a um pop funky como o China Girl? Não estava à espera de ver o Bowie a fazer funk sem sair do seu estilo rock. Para mim ficou um vazio de alguns anos até ouvir Bowie com um hit como o Let’s Dance. É a face hi-fi na produção.

Aaliyah “One in a Million”

(1996) 

Gosto de chamar a este álbum, R&B inovador. Intenso forte, com uma doce mas rítmica. Desta vez, ao contrario do Bowie no Let’s Dance, sinto que foi a cantora a seduzir o produtor, nota-se que é o hip hop do Timbaland a ganhar uma elegância hipnótica que ele não mais perderia. E passava a R&B com um toque de hip hop. Nas discotecas quando ia para a pista, nunca sabia qual era o passo certo para a Try Again.

Daft Punk “Discovery”

(2001)  

Este é o disco que me põe a dançar sem pensar. Não é só o (One more time), mas por falar no One more Time, há muito mais por trás desta canção. Aparentemente, less is more. Repetitiva e tal… Foi só samplar… tirando o facto de ser um sample de outra música que eu já tinha ouvido. Para se fazer um super hit mundial não me esqueço que nunca relacionei uma música com a outra. Geniais. Dois robôs autónomos que pensam pela cabeça deles. São uma dupla como o Paul McCartney e o John Lennon, que aparecem de 30 em 30 anos.

Heróis do Mar “Heróis do Mar”

(1981)

Deixei este para o fim por ser do meu país. Só gostava de acrescentar a este disco alguns dos singles que se seguiram, Amor e Paixão. Perfeito, como se podia ouvir nos anos 80s algo em português a soar a estrangeiro, foi um momento de orgulho, como quando Portugal ficou em 3º lugar no campeonato do mundo, só que desta vez era de música que se tratava. Com um percurso discográfico iniciado nos anos 70.

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