Num terceiro andar da Rua Ramalho Ortigão, a curta distância da Câmara Municipal do Porto, há uma loja de discos com a forma de uma cada. São duas salas cheias de vinil, cruzando várias áreas e épocas, com uns bons dedos de conversa pelo meio. Texto: Nuno Galopim

O conceito aqui é diferente… E se alguém passar pela rua, olhando para o piso térreo dos edifícios, nem dará por nada… É preciso entrar pela porta do prédio (número 34), como se fossemos visitar alguém. Entrar no elevador ou subir pelas escadas até chegar ao terceiro andar e, aí, ao fundo do corredor, um néon não deixa dúvidas: a loja é mesmo ali. Entramos numa primeira sala absolutamente rodeada por discos, uns em prateleiras outros em escaparates de loja, outros mais em caixas de plástico. Um olhar atento deixará logo claro que estão agrupados por géneros musicais. Na parede há capas de discos que nos dizem da muita música que por ali se encontra e um cartaz que junta várias memórias da história da música portuguesa. Há um gira-discos ao lado da janela, à espera de escutar o que a curiosidade de cada um possa pedir. E nos tempos anteriores à pandemia, uma garrafa de porto e copos moravam ali ao lado para complementar os dedos de conversa que acabam sempre por nascer. Há ainda uma segunda sala, mais pequena, igualmente cheia de discos e com a secretária à qual encontramos sentado Nuno Moreira que, quando não tem clientes na loja, trabalha o site no qual tem o stock disponível e prepara novas edições da newsletter que envia regularmente a quem a quiser subscrever.
“A ideia de abrir a loja na própria casa, surge do conceito japonês da casa/loja”, explica. Há 11 anos conheceu “um espanhol proprietário de uma loja de discos em Salamanca sita num primeiro andar”. Ficou “curioso e por isso”, questionou não apenas o “facto de a loja estar localizada num primeiro andar” mas também “não ter qualquer tipo de anúncio na porta”. O dono da loja respondeu que “tinha estado em Osaka e verificado que os japoneses têm por hábito fazer as vendas dentro de casa”. Depois de alguma “conversa sobre este assunto com asiáticos” que conhece, confirmaram-lhe “ser verdade”. Daí “ter aberto este espaço de venda, troca e compra de todo o tipo de vinil”, que inclui inclusivamente “discos para grafonola”.
Na Vinyl Disc – Loja de Discos, onde encontramos uma vasta oferta de discos usados, “os mais procurados, são os clássicos do pop/rock, reagge, soul e funk”. A loja, tem “clientes habituais e os de ocasião”, e destes alguns são turistas. “O futuro das lojas de discos, depende muito dos compraderes” e “a tendência é para aumentar”, explica Nuno Moreira, que se depara “com novos entusiastas do vinil, jovens e não jovens”.
Durante as semanas de confinamento a loja trabalhou sobretudo a sua operação online, que pode ser consultada aqui.

Vinyl Disc – Loja de Discos
Rua Ramalho Ortigão, Nº 34 – 3º Esquerdo
4000-407 Porto
Horário:
De segunda a sexta das 14.00 às 19.00