Dez discos que definiram o meu gosto – Fernando Martins

Cada disco pode contar várias histórias. E quem quiser mais do que ficar olhar para as capas pode agora ler aqui… Dez discos… e as respetivas histórias. E assim nasce o gosto de cada um. E hoje quem partilha aqui os seus dez discos e as respetivas memórias é o Fernando Martins.

O Nuno convidou e saltei de alegria. Dez discos que foram para mim catalisadores e acréscimo de novas e imediatas formas de ouvir e fazer música , no momento em que os conheci. Aqueles discos que deram vontade de ir a “correr” fazer musicas ou alterar as que estavam a ser feitas e querer tocar ao vivo. Um deles nem sequer é um disco. Os que ficam de fora, U2 , Bowie , Eno , FGTH , são forças que levaram ou partiram destes 10. Vou tentar dar pistas . Este convite traz também a força de voltar a pesar quão importantes são estas peças para rever e ouvir. Por isso, obrigado Nuno .

Pink Floyd “Live at Pompeii”

(1972)

O filme dos Pink Floyd sozinhos em Pompeia, acho que vi pela primeira vez à volta de 1976 depois de ter visto na montra da discoteca Roma a capa de trás do “Ummagumma” com o equipamento da banda e depois de ter ouvido “Meddle” em loop. E é por isto que a partir desse momento quis fazer músicas, tocar numa banda e mostrar as musicas ao vivo. “Set the controls for the heart of the sun” foi o “click” , a manipulação do som do orgão continua a surpreender. A propósito, muito mais tarde, chegou William Orbit com o seu “Bassomatic” e “Set the controls for the heart of the bass”.

José Afonso “Venham Mais Cinco”

(1973)

As histórias contadas como se fizesse parte delas, o som, a mistura, a utilização do espaço e do reverb e acima de tudo “era um redondo vocábulo”. Levou também à descoberta de toda a obra do Zeca e no planeta Portugal a outras obras , “Coisas do Arco da Velha” da Banda do Casaco e posteriormente Tantra, “Mistérios e Maravilhas”.

Yes “Tales from topographic oceans”

(1973)

Devo ter ouvido este disco pela primeira vez em 1976 até o gastar. As vozes da abertura em crescendo a culminar na malha de moog, a entrada do mellotron e a ideia de música que não está contida em canções, pompa e circunstancia na medida certa.

King Crimson “Red”

(1974)

Lembro-me de tentar explicar em casa que o rock tinha a melodia mais incrível no “Starless” . O som da guitarra de Robert Fripp e a entrada do mellotron, como dizia um amigo meu, parece que dás uma cambalhota para trás. Até hoje sinto o mesmo.

Kraftwerk “Radio-activity”

(1975)

A par com “Komettenmelodie part 2” este é o trabalho dos Kraftwerk que não me canso de ouvir. Mecanicamente apocalíptico, a terminar com “Ohm Sweet Ohm” o que achei no momento que ouvi o equivalente ao Bolero de Ravel para o mundo que ia acabar em 1999.

Klaus Schulze “Moondawn”

(1976)

Teclas e bateria. Tudo o que vinha e vem do krautrock faz sentido. É uma viagem a par com “Phaedra” e os discos anteriores dos Tangerine Dream. Por esta altura vi o meu primeiro concerto de banda estrangeira Can. Nunca mais fui o mesmo. Uma nota completamente transversal ouvia na altura e hoje “Space Ritual” dos Hawkind como um equivalente rock também arauto de um mundo novo e paralelo.

David Sylvian “Brilliant Trees”

(1984)

A minha música preferida é “Forbidden Colours” da banda sonora de “Merry Christmas Mr. Lawrence” e é o inicio. Ouvi pela primeira vez “Brilliant Trees” em 85/86  e mudou tudo o que pensava sobre música. Conhecia Japan e fiquei no “Ghosts”, mas quando ouvi pela primeira vez “Nostalgia” pensei que afinal o caminho é este. Levou a que mais tarde o primeiro CD que comprei fosse “Oil on Canvas”, que me emocione sempre com “Let the Happiness In” e “I Surrender”, que “Small Metal Gods” me faça tremer, também que “Rain Tree Crow” tenha mudado por volta de 1991 a percepção de como construir um disco ou canções. E que continue a achar “Playground Martyrs” do “Slope” de Steve Jansen um dos grandes momentos da música. Gostava que a lista de 10 tivesse uma gaveta para todo o trabalho de todos os Japan e Sakamoto.

Björk “Homogenic”

(1997)

Porquê este disco e não qualquer um dos anteriores? Tem uma música, “Joga”, e o seu estado de emergência, tem as cordas orquestradas de forma soberba, tem a manipulação dos filtros de toda a base rítmica. Björk canta como mais ninguém e constrói melodias que são só dela.

Golfrapp “Black Cherry”

(2003)

Foi por telefone entre a Alex e mim que música a música falávamos sobre o som, as letras, a voz e o controlo da electrónica. Não estava nada à espera da evolução do extraordinário “Felt Mountain” para este disco. O tema “Number One” é das minhas musicas favoritas. Tem para mim muito da art/pop de “Violator” dos Depeche Mode (apesar de ser verdade , não sabia como encaixar este :-))

Elbow “Giants of all sizes”

(2019)

Parece que afinal não tinha percebido nada, e que estes senhores vieram explicar tudo novamente. A primeira vez que ouvi “Dexter and Sinister” em single fiquei parado como se nunca tivesse ouvido música (esta frase é da Alex). É extraordinário que a banda que fez uma das minhas musicas favoritas , “One day like this” , tenha feito em 2019 a banda sonora para os dias de hoje.

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