Ana Markl

Podemos ouvi-la todas as manhãs na Antena 3. E, uma vez por semana, e também na 3, revela-nos o que fica entre a “Espuma dos Discos”… Mas hoje fala-nos dos seus discos. Prince não falta à chamada… E fica uma frase: “Os discos são as novas pratas”.

Qual foi o primeiro disco que compraste?

Purple Rain, Prince. 

E o mais recente…

Uma edição do 25º aniversário do Badmotorfinger, dos Soundgarden, em vinil. 

O que procuras juntar mais na tua coleção?

Deixei de coleccionar propriamente discos quando se impôs reorganizar as finanças e o espaço. Então, tornou-se prioridade cumprir uma missão: comprar em vinil todos os discos que faço questão que o meu filho tenha na sua própria colecção. Mesmo correndo o risco de que ele não queira saber e os venda todos na Feira da Ladra. Os discos são as novas pratas.

Um disco pelo qual estejas à procura há já algum tempo.

Neste momento, nenhum. Já desisti da arqueologia musical. 

Um disco pelo qual esperaste anos até que finalmente o encontraste.

Hoje bastante mais fácil de encontrar, mas difícil há uns anitos: o Black Album do Prince. Preparem-se que o Prince vai ser uma constante nesta entrevista. 

Limite de preço para comprares um disco… Existe? E é quanto?

Ui, existe pois. Desde que fui mãe que a culpa se sobrepõe à extravagância: todos os dias olho para a edição hiper-luxuosa do Sign ‘O’ The Times (eu avisei que ia ser uma constante) e tento voltar a acreditar no Pai Natal com muita força.  

Lojas de eleição em Portugal…

Louie Louie e Flur.

Costumas ir a lojas de discos quando visitas outros países?

Era paragem obrigatória sempre – a paragem que recordo com mais carinho era a extinta Tower Records, quando de facto a diferença entre ir a uma loja cá ou lá fora era abissal. Agora só casualmente faço essas paragens, mas sou capaz de perder um bom tempinho a saborear. 

Recomendarias alguma loja em particular?

A última loja – deliciosa – a que fui: Sounds of the Universe, em Londres. Também foi a última viagem que fiz, na verdade.

Compras discos online?

Praticamente só compro discos online hoje em dia. 

Que formatos tens representados na coleção?

CD e vinil. As cassetes foram devoradas pelo tempo. 

Os artistas de quem mais discos tens?

Talvez Prince (eu avisei), Tom Waits e Beatles. 

Editoras cujos discos tenhas comprado mesmo sem conhecer os artistas…

Noutros tempos, um cliché muito indie: 4AD. E exibia orgulhosamente uma T-shirt da Sub Pop.

Uma capa preferida.

Tenho um fetiche inexplicável por um disco que amo pela sua beleza interior e exterior: o Relayted, dos Gayngs. Cheguei a pensar em tatuar o símbolo que está na capa, mas como explicar que o desenho é na verdade uma mistura de uma vulva com uma folha de cannabis? 

Um disco do qual normalmente ninguém gosta e tens como tesouro.

Não me faças falar. Uma palavra: Candlebox. Uma banda de rock dos anos 90 de que não reza a história – e com justiça, diga-se. Comprei o CD numa loja na Feira Popular de Lisboa porque adorava os singles “You” e “Far Behind”. Trágicos. Passados poucos anos, peguei no disco cheia de vergonha e fui vendê-lo à Carbono. Depois, passados muitos anos, já sem vergonha nenhuma, voltei a comprá-lo.

Como tens arrumados os discos?

Neste momento, discos, livros e filmes de forma absolutamente caótica. Só eu sei onde estão as coisas.

Um artista que ainda tenhas por explorar…

São muitos, mas eis aquele que me lembro de me ouvir dizer “tenho de explorar” mais recentemente: Fela Kuti, ele mesmo, a propósito de um certo podcast de uma certa estação de rádio.

Um disco de que antes não gostasses e agora tens entre os preferidos.

Vou antes contar a minha história com os U2: quando era miúda, tinha a mania de que não gostava deles. Depois, comecei a perceber que gostava e agora não gosto outra vez. Ah, lembrei-me de outra boa: quando os Ornatos Violeta apareceram eu disse que o Manel cantava como se tivesse um problema de adenóides. Logo depois, tornaram-se uma banda do meu coração. De resto, nunca tive grandes oscilações.

Se pudesses imaginar uma compilação que tema escolherias e sugere três canções que poderiam figurar no alinhamento.

Tenho várias playlists para várias ocasiões e vou referir uma das últimas que fiz: música para o confinamento. “I Like to Stay Home”, R. Stevie Moore; “Home”, Depeche Mode; “House a Home”, Mark Lanegan. Óbvio mas, por coincidência, reúne uma série de canções de que gosto muito. Sou muito caseirinha.  

Há discos que fixam histórias pessoais de quem os compra. Queres partilhar um desses discos e a respetiva história?

Creio que se I Love You, Honeybear, do Father John Misty, não existisse, o meu filho também não existia. 

Um disco menos conhecido que recomendes…

Um disco mimoso de brit pop que ficou meio esquecido: Smart, dos Sleeper.

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