
Nome marcante na etapa vibrante que a música alemã viveu na primeira metade da década de 70, e responsáveis por terem fixado no título de um tema seu o termo “krautrock”, pelo qual a crítica internacional (sobretudo britânica) resolvera dar nome à movimentação que então dava sinais de grande atividade musical na Alemanha, os Faust nasceram em espaço rural (na zona de Wümme) em 1971 em volta do antigo jornalista musical Uwe Nottelbeck e da formação que então ali juntou ao seu redor. Cativaram as atenções da Polydor que rapidamente os assinou. Faust, álbum de estreia editado em 1971, dominado por uma pulsão experimental, era possivelmente tudo o que a editora não esperava, mas colocava em cena um mundo de visões desafiantes que cativou atenções. Coube ao disco seguinte Faust So Far (1972) uma mais evidente estruturação de ideias segundo modelos mais próximos da canção. Em 1973, Faust Tapes assinala a sua estreia na Virgin com um conjunto de gravações ainda registadas em Wüme, nas quais retomavam o fulgor mais desafiante do álbum de estreia sem abdicar da busca de formas que o segundo disco tinha sugerido. Apesar da presença de órgão e sons gravados nos dois primeiros álbuns, cabe a Faust Tapes a sua primeira criação com sintetizadores em estúdio. Será, porém, no álbum seguinte, depois de uma parceria em estúdio com Tony Conrad (da qual nasce Outside of The Dream Syndicate), na qual exploram outros caminhos possíveis para a música – nomeadamente uma ideia de construção e moldagem de drones – criam aquele que seria o disco pelo qual o seu nome garantiu um lugar na história do ‘krautrock’.
Sob clima de entusiasmo da parte da Virgin Records, a gravação do quarto álbum dos Faust levou-os aos míticos Manor Studios, os estúdios montados numa propriedade rural aristocrata nos quais Mike Oldfield tinha gravado Tubular Bells e onde nomes como os Gong ou Magma tiravam partido do ambiente e possibilidades técnicas para gravar a sua música. Os estúdios, que pouco depois receberiam os Tangerine Dream (que ali gravaram os clássicos Phaedra, Rubycon e Ricochet), serviram assim a materialização de ideias que vão dos planos cenográficos mais exploratórios de um Just a Second à criação de canções pop/rock, como é o caso, por exemplo, de The Sad Skinhead. As sessões estenderam-se, contudo, por mais tempo do que o previsto, acabando Uwe Nottelbeck por terminar a criação de Faust IV no estúdio em Wümme, só aí tendo ganho forma final o instrumental Krautrock que seria colocado na abertura do alinhamento. Apesar do processo lento (e talvez desorganizado) o disco acabaria por captar o melhor das ideias lançadas pelos Faust nesta etapa inicial de vida, correspondendo de resto ao aprimorar de tudo o que até ali tinham ensaiado. Não é de estranhar que tenha seduzido atenções (John Peel chamou-os a uma sessão ainda durante o processo de gravação) e o tempo acabou por fazer deste um disco de referência da música alemã dos anos 70.
A recusa da Virgin em editar o álbum seguinte ditou um ponto final que só não foi definitivo já que o retomar de atividade em 1990 (com algumas realizações feitas entretanto) garantiu novos episódios à sua história. Estão, de resto, ainda ativos.