
Vince Guaraldi, pianista de jazz californiano, nascido em 1928, tinha sido convocado em 1963 para criar música para um documentário televisivo sobre o universo de personagens das tiras de BD Peanuts, criadas por Charles M. Schulz. Apesar da popularidade das tiras de BD o programa não interessou então a nenhuma estação de televisão e a música ficou perdida por algum tempo até que, em 1964, acabaria editada em disco com o título Jazz Impressions of A Boy Named Charlie Brown, em cujo alinhamento surge desde logo o tema Linus and Lucy.
Um ano depois, quando ganhou forma a ideia de criar um especial de Natal (novamente para televisão) com estas mesmas personagens, Guaraldi foi chamado de volta para compor uma banda sonora que, depois da transmissão do programa (em dezembro desse ano) seria editada em LP e gerando um dos álbuns de Natal mais populares de sempre, com vendas que superaram os quatro milhões de exemplares.
A Charlie Brown Christmas junta alguns inéditos de Vince Guaraldi expressamente criados para estas personagens (entre os quais recuperando o magnífico Linus and Lucy), mas acrescenta abordagens, igualmente jazzísticas, a outras composições, sobretudo standards de Natal e também uma breve incursão pelo repertório “clássico”, piscando pontualmente o olho a Beethoven. O piano é o protagonista nestas gravações nas quais Guaraldi contou com várias contribuições, entre as quais as do baterista Jerri Granelli, do contrabaixista Fred Marshall ou do coro da St. Paul’s Episcopal Church, de San Rafael (na Califórnia). Apesar do protagonismo do pianista, o disco foi assinado como sendo uma criação do Vince Guaraldi Trio.
A Charlie Brown Christmas, que é muitas vezes apontado como uma peça importante no processo de abertura do jazz a uma nova geração de jovens ouvintes em meados dos anos 60, é um álbum de Natal atípico. Mas não deixa de ser hoje reconhecido como um dos mais célebres alguma vez nascidos em torno dos ambientes (e de motivos) desta quadra festiva. As repetições do especial televisivo e o próprio impacte do álbum fizeram dele um objeto de referência que hoje soma já mais de quatro milhões de unidades vendidas e integra o National Recording Registry da Biblioteca do Congresso dos EUA.
O disco teve uma primeira edição em LP pela Fantasy em 1965 e conheceu já várias reedições tanto em vinil como em CD.