Wendy Carlos “By Request” (1975)

Editado em 1975, o álbum “Walter Carlos by Request” apresenta um alinhamento aberto a músicas de vários tempos e géneros. A seleção vai dos Beatles e Burt Bacharah a Bach e Warner, e cruza a eletrónica com a visita ocasional de um piano. Texto: Nuno Galopim

Depois de vários discos criados sob a ideia de reinventar novas abordagens a música de outros tempos e de um episódio – Sonic Seasonings – dedicado à revelação de uma obra autoral de grande fôlego, ao sexto álbum Wendy Carlos apresentou o seu álbum mais… pop. Bom, na verdade não se trata de um disco de canções pop nem mesmo uma tentativa de criar música ao sabor do momento. Mas pela primeira vez na sua discografia ficou aqui registada uma frente de atenção sobre os domínios da canção popular, o que se manifestou através da criação de versões de temas como Eleanor Rigby dos Beatles (que foi editado como single) ou o tema do genérico de What’s New Pussycat, um original com música de Burt Bacharah.

         Editado em 1975 com o título Walter Carlos By Request, o disco é na verdade o álbum de horizontes mais abertos à diversidade que Wendy Carlos tinha criado até então. Se a dupla de “canções pop” deu maior visibilidade a este álbum, o alinhamento no entanto mostrava-se mais fiel ao que tinha então sido a sua obra gravada desde 1968. No lado A surgem Três Danças do bailado O Quebra Noz de Tchaikobsky e o primeiro andamento do Concerto de Brandenburgo Nº 2 de Bach. Na face B escuta-se uma fuga de Bach, a Wedding March (baseada num dos coros do Lohengrin de Wagner) e ainda a marcha Pompa e Circunstância de Elgar. Os restantes momentos do alinhamento ficam por conta de composições da própria Wendy Carlos. Dialogue For Piano and Two Loudsopeakers e Episodes For Piano and Electronic Sound chamaram a estúdio uma participação do pianista Philip Ramsey. Geodesic Dance é outra das composições novas aqui apresentadas.

         Na contracapa Benjamin Folkman escreve um texto no qual lança desde logo uma questão: “a pedido de quem?” (aludindo ao título do álbum). E logo reflete sobre o modo como inúmeras sugestões foram surgindo para possíveis abordagens por Wendy Carlos depois do sucesso obtido por Switched on Bach, vincando o modo como a compositora, tal como a produtora Rachel Elkind, souberam resistir à imposição de rótulos ou de ser etiquetadas. Pelo contrário, nota como as opções feitas por ambas têm um cunho autoral, refletindo depois sobre a natureza da música para integrar no corpo da obra de Wendy Carlos as referências à cultura popular do século XX que se cruzam com outras músicas no alinhamento deste álbum.

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