
Esta á a história de dois engenheiros de som que, um dia, resolveram (e bem) passar para o outro lado do estúdio. Henry Binns e Sam Hardaker começaram por trabalhar nos discos dos outros, tendo colaborado inicialmente com nomes como os Pet Shop Boys ou Young Disciples quando o seu dia a dia se fazia em rotinas de gravação num estúdio londrino. Em 1997 olharam de maneira diferente para um tema dos Radiohead (em concrerto Climbing Up The Walls) e deram à remistura um nome inspirado pela memória de um bar mexicano. Zero 7, o nome, nasceu aí. Às remisturas (mais houve depois da feita para os Radiohead) juntaram a criação de música sua que emergiu, novamente sob a designação Zero 7, num primeiro EP editado em 1999. O passo seguinte? Um álbum. E esse fez história.
Editado em 2001 Simple Things é um dos mais belos álbuns da primeira década do século XXI. É um disco que cruza eletrónicas com ambientes elegantes, de travo lounge, que na altura sugeriu frequentes (e justificadas) comparações com o que os franceses Air tinham recentemente apresentado no álbum de 1998 Moon Safari. Há semelhanças, sobretudo no registo elegante e retro dos arranjos que vincavam tonalidades jazzy e lounge numa música que redescobria também os sabores de antigos teclados e, também, no modo como o alinhamento do disco procurava arrumar momentos instrumentais entre as diversas canções.
Mas havia naturalmente diferenças, uma das mais evidentes apresentando-se no jogo vocal com três protagonistas: Sia Furler (sim, a Sia de que tanto depois de falou, aqui na sua primeira experiência depois de se ter mudado da Austrália para Londres), Sophie Barker e Mozez. Em conjunto vincaram tonalidades R&B que acentuam outro dos contrastes de uma música que, na essência, não deixa de ser pop. As colaborações de todos eles não foram contudo meramente exercícios de interpretação, já que colaboraram na composição de vários dos temas do disco.
Simple Things cativou atenções e gerou, sobretudo, um encantamento entre os que mais de perto seguiam então os acontecimentos nos espaços da músicas “alternativas”… Vinte anos depois, e já com uma recente reedição em vinil a devolver o disco às prateleiras das lojas de discos, é um clássico. Um dos primeiros clássicos do século XXI.
Album magnífico, comigo desde o primeiro momento. Obrigado pelo artigo!
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“This World”. Ainda hoje a minha preferida. Foi, de resto, a primeira canção que ouvi deles, nesse tal EP, que já continha a também muito boa “Likufanele”. O Mozez tornou-se o meu vocalista preferido da altura, só à custa dessa canção. Pena não ter tido a carreira supersónica que eu achei que iria ter – calhou à Sia.
Aliás, pessoal mais novo do meu círculo de conhecimentos, quando lhes apresento amostras do que ela estava a fazer nesta altura, nem querem acreditar que é a mesma da “Cheap Thrills”, da “Chandelier” e das várias colaborações com o David Guetta. Ah, e a mesma que compôs a “Diamonds” da Rihanna.
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