Já há clássicos pop ‘made in’ século XXI

Originalmente lançado em abril de 2011, o terceiro álbum dos britânicos Metronomy, “The English Riviera”, assinala uma década de vida com uma edição especial limitada que junta seis ‘outtakes’ ao alinhamento original. Texto: Nuno Galopim

Entraram em cena em meados da década dos zeros, ganhando visibilidade através de remisturas e de primeiros discos onde ensaiaram caminhos feitos com eletrónicas em clima indie. Eram então um trio, com formação alargada na hora de trabalhar o seu terceiro álbum de originais, acolhendo a participação de vozes adicionais: Anna Prior nos coros ou, em regime de ainda maior protagonismo, a de Roxanne Clifford, que partilha com Joseph Mount a linha da frente das atenções em Everything Goes My Way.

Editado em abril de 2011, The English Riviera revelava uma colorida coleção de canções, revelando um depurar de ideias face ao que tinham mostrado antes e, também, uma mais clara arrumação de formas, assinalando . O disco não procurava seguir os mesmos caminhos que, entretanto, os Hot Chip estavam a desenhar como os mais apetitosos trilhos para a canção pop feita de eletrónicas na alvorada da segunda década do século XXI nem procurava ecos da escola kraut como o faziam os Fujya & Miyagi (na verdade um espaço mais próximo daquele que os próprios Metronomy já antes tinham explorado). Ou seja, não tomava a pista de dança como parte de um programa, experimentando antes as eletrónicas como ferramentas de construção de canções numa lógica que assenta em heranças que remontam a escolas em vigor desde a alvoradas dos oitentas, porém sem convocar igualmente uma agenda de revivalismos.

The English Riviera trazia-nos uma pop eletrónica atual, ora talhada em instantes de maior luminosidade, ora definindo breves espaços de melancolia, não faltando pelo alinhamento instantes que traduziam uma vontade clássica de, pelo poder dos singles, tentar encontrar instantes capazes de combater a erosão do tempo que passa que muitas vezes apaga a memória de tantas outras canções (The Look, She Wants ou The Bay são bons exemplos disso mesmo)… Tal como em tempos escutámos nuns Black Box Recorder ou encontramos junto de uns St Etienne, The English Riviera confirmava os Metronomy como figuras de proa de uma nova música cool made in UK capaz de escrever, no século XXI, novas páginas do grande livro clássico que conta a história da canção pop.

Dez anos depois eis que surge agora uma versão alargada que junta ao alinhamento original uma série de seis outtakes. Uns são ideias não plenamente desenvolvidas, outros são canções finalizadas (ou perto desse patamar). Confirmam que, na hora de fechar o alinhamento, o grupo escolheu bem o alinhamento que ali arrumou. Agora, os outtakes, talvez ajudem a contar melhor a história do ambiente em que o álbum nasceu. Mas é o sabor (sem mofo) do alinhamento original que, dez anos depois, justifica por si só um reencontro com estas canções.

“The English Riviera – 10th Anniversary Edition”, dos Metronomy, é uma edição limitada disponível nos formatos de 2LP e cassete, num lançamento da Because Music.

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