Fausto Casais

É editor da revista online Music & Riots e um dos proprietários da loja de discos no Porto que tem o mesmo nome da publicação. Mas hoje fala-nos dos discos que tem em casa.

Qual foi o primeiro disco que compraste?

O primeiro foi o self titled dos Rage Against the Machine em 1992. 

E o mais recente?

O mais recente foi a versão colorida do ‘All We Love We Leave Behind’ dos Converge. E as versões também coloridas do ‘Burnt Sugar’ dos Gouge Away e do ‘They Don’t Have to Believe’ dos Punch. 

O que procuras juntar mais na tua coleção?

Ui… Tanta coisa! A minha prioridade passa neste momento pelas reedições dos Bad Brains. Depois irá andar à volta de coisas novas como os novos de Divide & Dissolve, Faim, Change, Big|Brave, Lost Girls, Dinosaur Jr, Xiu Xiu e o claro o novo dos The Armed. 

Um disco pelo qual estejas à procura há já algum tempo.

Essa é fácil! Uma edição brutal do ‘My War’ dos Black Flag.

Um disco pelo qual esperaste anos até que finalmente o encontraste.

Talvez o ‘Just Another Diamond Day’ da Vashti Bunyan. E também as reedições da Fat Possum do Townes Van Zandt. 

Limite de preço para comprares um disco… Existe? E é quanto?

Existe, principalmente por uma questão de principio e respeito. O mercado anda louco e as pessoas ao pactuarem com esta situação sem sequer protestarem ou mostrarem o seu repúdio por alguns preços praticados arrasta o mercado para uma inflação de preços que pode vir a ser nos tempos que correm quase mortal para o circuito independente. A este aspecto juntamos a pandemia, Brexit e as velhas questões de IVA nos discos. Não deixar de dizer que algumas das editoras independentes estão também a inflacionar preços, sem razões válidas e lógicas para quem não come gelados com a testa. É um assunto para horas e horas de discussão. 

Lojas de eleição em Portugal… 

Honestamente só consigo mesmo referir os nossos vizinhos da Matéria Prima e excelente selecção da Mondo Negro. De resto tudo está estagnado, com uma falta de especialização e conhecimento de mercado completamente fora de prazo. Sei que pode soar mal, mas como consumidor e gajo que é capaz de passar uma tarde ou dia inteiro nas tulhas, dou por mim a passar não mais de 5 minutos nas lojas de Portugal. Tudo o que pretendo não encontro, e estamos a falar de coisas tão acessíveis ao mercado que só por falta de conhecimento selectivo ou gostos pessoais das lojas é que isso se possa explicar. E depois existe a velha questão do atendimento… Não há paciência para certos comportamentos.

Em viagem lá fora também visitas lojas de discos? Quais recomendas?

Eu sou o típico turista de lojas de discos, é a prioridade máxima sempre que viajo. Infelizmente as Rough Trades desta vida são uma paragem essencial. Mas a All Ages Records em Camden é um paraíso para mim. Recentemente gostei muito da Monorail em Glasgow. 

Compras discos online?

Faço tudo para não o fazer! Se queres dinamizar a tua cena local e a economia local só o podes fazer na tua “local record store”. Facto! A cena lazy de ter um algoritmo a ajudar-te a fazer compras online é o espelho de uma geração que nunca teve a verdadeira experiência de comprar discos numa loja física ou sequer se preocupou em alguma vez o fazer e onde pode ser aconselhada por especialistas, partilhar paixões e descobrir coisas que só nas lojas físicas irão encontrar. Devo muita da minha educação musical e cultural às lojas de discos. 

Que formatos tens representados na coleção? 

Vinil, CDs e cassetes. Não foge disso… 

Os artistas de quem mais discos tens?

Talvez Nirvana, Sonic Youth, The Ramones, Rage Against The Machine, Mastodon, The Clash, Radiohead, Converge, e quase tudo em que o Steve Albini ou o David Byrne tocam é essencial ter. 

Há editoras das quais tenhas comprado discos mesmo sem conhecer os artistas?

Nem por isso. Mas sempre que algo é lançado pela Deathwish Inc., Ipecac, Sacred Bones, RVNG, The Flenser, Dais, Dischord, Matador, Sub Pop, Closet Casket, City Slang, Southern Lord, Bloodshot Records, Alerta Antifascista e muitas outras… a minha atenção é total. 

Uma capa preferida.

Essa é fácil… ‘My War’ dos Black Flag. 

Um disco do qual normalmente ninguém gosta e tens como tesouro.

Boa! O ‘Lulu’ dos Metallica com o Lou Reed. Uma obra de arte! A esse junto o ‘Pacific Ocean Blue’ do Dennis Wilson. 

Como tens arrumados os discos?

Por ordem cronológica sempre. Mas dividido por editoras e dentro disso por estilos musicais. E podia ainda fazer muitas outras divisões… 

Um artista que ainda tenhas por explorar…

Muitos! Mas Serge Gainsbourg e o Josh White são a minha prioridade máxima. E tenho em lista também Charles Aznavour, Leadbelly e o Calvin Russell. Mas a lista não pára… 

Um disco de que antes não gostasses e agora tens entre os preferidos.

Não um disco, mas digamos que tudo dos Beatles! 

Como é que se relaciona um colecionador com o facto de ter uma loja de discos?

Com muita dificuldade, visto a tentação ser muita mas o mais importante nesta altura é assegurar o melhor material para o cliente. Pessoalmente o colecionismo tem estado adormecido desde a abertura de loja, impera o sentido de responsabilidade aliado aos tempos complicados que estamos a viver. 

Há discos que fixam histórias pessoais de quem os compra. Queres partilhar um desses discos e a respetiva história?

Tenho algumas, mas infelizmente não quero partilhar. São demasiado pessoais… 

Um disco menos conhecido que recomendes…

São tantos que fica difícil dizer apenas um. Mas aqui vai um: ‘Various – Wake Up Dead Man (Black Convict Worksongs From Texas Prisons)’. 

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