Hélio Morais

Passou pelos If Lucy Fell, integra os Linda Martini e Paus e já este ano fez a sua estreia a solo ao editar “Murais”. Mas hoje fala-nos dos discos que tem em casa.

Foto: Ana Viotti

Qual foi o primeiro disco que compraste?

Só comecei a coleccionar vinil quando saí de casa do meu pai, por isso é provável que o primeiro disco comprado tenha sido o “You Fail Me”, de Converge. Nessa altura comecei a comprar, em vinil, alguns dos meus discos preferidos de sempre e que já tinha em CD. Ainda toquei com eles, juntamente com If Lucy Fell. São uma banda histórica da cena punk/hardcore.

E o mais recente?

Não me recordo bem. Ou foi o “Fetch The Bolt Cutters” da Fiona Apple, ou o “Ultra Mono” de Idles. Ouvi mais o da Fiona Apple. Talvez tenha sido o disco do ano 2020, para mim. É um disco que me emociona de uma forma pouco comum.

O que procuras juntar mais na tua coleção?

Acho que não penso muito na colecção. Gosto de comprar discos novos, como gosto de encontrar discos antigos que acho essenciais na minha colecção. E gosto muito de comprar discos em concertos. São uma parte muito importante da subsistência dos artistas.

Um disco pelo qual estejas à procura há já algum tempo.

Não estou à espera há muito tempo, mas volta e meia deixa-me frustrado não o conseguir encontrar. Chama-se “Ultimate Success Today” e é o disco de 2020 dos Protomartyr. Foi dos discos que mais ouvi no ano passado e gostaria muito de o ter em vinil.

Um disco pelo qual esperaste anos até que finalmente o encontraste.

Andei anos à procura de uma versão de “Veneer” – José González – que não me levasse à ruína. No ano passado, finalmente, encontrei uma cópia no eBay e não hesitei em comprá-lo. Nem queria acreditar, quando vi que ganhei eu o leilão.

Limite de preço para comprares um disco… Existe? E é quanto?

Acho que isso dependerá sempre da situação financeira em que me encontre. Mas o “Veneer”, por exemplo, com portes, custou-me perto dos 90€. Foi o mais caro que comprei até hoje. Mas foi para oferecer e tinha um significado muito profundo.

Lojas de eleição em Portugal… 

Que me desculpem todas as outras, mas a verdade é que vou mais frequentemente à Louie Louie de Lisboa. Já conheço aquelas pessoas há alguns anos, além de que vivi ali perto durante muito tempo.

Em viagem lá fora também visitas lojas de discos? Quais recomendas?

Na verdade não tenho um roteiro de lojas no estrangeiro. E não tenho, porque viajo quase sempre em trabalho. Quando vou tocar já vou sempre no vermelho em termos de peso no porão, por isso acabo por não trazer discos, salvo muito raras excepções. Só quando vamos em tour de carrinha é que me perco. Mas aí, costumo comprar discos das bandas com que partilhamos o palco.

Compras discos online?

Poucas vezes. Tenho sempre medo que não cheguem em condições, ou que tenha que pagar uma batelada na alfândega – quando não vêm da União Europeia.

Que formatos tens representados na coleção? 

Tenho 7”, 10” e 12”. Também tenho um formato especial que o Lux fez há tempos (um acetato). Além disso, tenho muitos CDs, claro, e cassetes. 

Os artistas de quem mais discos tens?

Portugal. The Man e Dead Combo – continuando a falar de vinil, claro. Não só são artistas com muitos álbuns editados, como tenho um carinho muito especial por eles. Tenho quase todos os discos editados. Falta-me somente o “Waiter: “You Vultures!””, de Portugal. The Man. Também tenho uns quantos de The Beatles.

Editoras cujos discos tenhas comprado mesmo sem conhecer os artistas…

Defiance Records, que era uma editora alemã que editou, por exemplo, os primeiros discos de Portugal. The Man. Também comprei alguns da BCore Disc, uma editora de Barcelona, da qual faziam parte os Standstill, bem como uma série de bandas que o Santi Garcia – produtor do últimos disco de Linda Martini – produziu.

Uma capa preferida

Vou ter que escolher a capa da minha estreia a solo, porque é, para mim, uma analogia perfeita para 2020. É a foto de uma amiga a levar com uma onda em cima e a estatelar-se toda nas rochas. Só por isso.

Um disco do qual normalmente ninguém gosta e tens como tesouro.

Tenho uma edição de “Calculating Infinity”, de The Dillinger Escape Plan, em picture vinyl. Encontrei-o num evento qualquer, ali em Campolide, que tinha umas bancas e no qual tocaram artistas da Cafetra. Nem queria acreditar. É uma edição de 1000 cópias.

Como tens arrumados os discos?

Em pé, por ordem alfabética. Mas Beatles está tudo em B e não em T.

Um artista que ainda tenhas por explorar…

J Dilla. Conheço algumas coisas, mas gostaria de explorar ainda mais. Nem tanto a música, mas a forma como a produzia.

Um disco de que antes não gostasses e agora tens entre os preferidos.

Simon & Garfunkel, “The Concert in Central Park” (Live). Adoro o disco, mas no passado não lhe prestava atenção alguma.

Dos discos que já gravaste quais são já raridades procuradas por colecionadores?

Diria que o disco que mais procura terá, é o “Marsupial”, de Linda Martini, mas a edição original, porque a capa era um totebag, onde vinha celofanado e vinha acompanhado de um CD, para quem não tivesse gira discos.

Há discos que fixam histórias pessoais de quem os compra. Queres partilhar um desses discos e a respectiva história?

Há um disco que guardo com muito carinho. É um disco de The Blood Brothers, de 2003, e chama-se “Burn, Piano Island, Burn”. Eu era muito fã deles – o baixista toca hoje em dia em Fleet Foxes – e em 2007 os If Lucy Fell abriram para eles, em Corroios. Eu já estava muito feliz com esse facto, porque o Mark Gajadhar era dos meus bateristas preferidos. Mas o que não esperava era a surpresa que a Cláudia Guerreiro (Linda Martini) me tinha preparado. Levou esse disco e pediu-lhe para me escrever uma dedicatória. Depois ofereceu-me no meu aniversário.

Um disco menos conhecido que recomendes…

Gosto muito do “Person To Person” de Foreign Born. Foi o último disco da banda, em 2009, antes de alguns membros se dedicarem a Fool’s Gold. Gosto muito de voltar a esse disco e ainda hoje gosto muito dele.

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