Grace Jones “Nightclubbing” (1981)

De origem jamaicana e com vida feita nos EUA desde a adolescência, Grace Jones era já uma modelo de sucesso quando, em finais dos anos 70, apostou na construção de uma carreira na música em paralelo às passerelles e estúdios de fotografia. Na companhia do produtor Tom Moulton registou três álbuns em finais dos setentas, explorando os universos do disco sound e arredores em três álbuns e uma mão-cheia de singles que lançou entre 1977 e 79. Esses três primeiros álbuns são hoje mais uma curiosidade (e um eventual motivo de interesse) para os seus admiradores do que um episódio de importância maior. Se excetuarmos a leitura (magnífica) de La Vie en Rose, os seus três álbuns disco são peças discretas entre o extenso volume de edições do género por aqueles dias.

E foi com a chegada dos oitentas e a decisão de levar a sua música a mudar de rumo e de geografia que Grace Jones (e a visão do editor Chris Blackwell) encontraram um caminho. Os estúdios Compass Point, nas Bahamas, foram o destino para sessões que convocaram novos parceiros de trabalho, entre os quais a dupla Sly & Robbie, Alex Sadkin ou Wally Badarou, com eles seguindo ingredientes reggae, dub e new wave e um conjunto de canções que, de autores bem diferentes e proveniências distintas, encontram em Grace Jones a maior denominador comum, em conjunto criando um álbum que deixava claras as novas potencialidades em jogo e sugeria que valia a pena ficarmos atentos às cenas dos próximos capítulos. Juntos criaram Warm Leatherette em 1980, lançando bases para um momento maior que nasceria um ano depois, sem mexer muito nas peças em jogo.

Editado em 1981 Nightclubbing apresentou uma série de versões e alguns inéditos. Entre as versões havia temas como I’ve Seen That Face Before, uma versão do Libertango de Astor Piazzolla ou Nightclubbing de David Bowie e Iggy Pop (gravada no álbum The Idiot deste último). Por sua vez, entre os inéditos, surgiam o poderoso e fulgurante Pull Up to The Bumper (quem tem na própria Grace Jones uma das autoras e que havia sido composto para o álbum anterior mas acabado fora do alinhamento) ou Demolition Man (da autoria de Sting, que os Police gravariam pouco depois no álbum Ghost in the Machine).

Com uma capa icónica de Jean Paul Goode, animado por uma pulsão new wave, herdando sinais da cultura dub, e sob um vasto espetro de referências, Nightclubbing foi o disco certo na altura certa na carreira de Grace Jones e em pouco tempo acabou mesmo reconhecido como a sua obra de referência, estatuto que as vendas em quantidades folgadas também ajudou.

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