
Nas décadas de 70 e 80 a criação de compilações de êxitos populares levou cada uma das grandes editoras locais a criar séries distintas. Assim, à Polystar da PolyGram (de resto um título usado internacionalmente), à Jackpot da EMI-VC e ao Super Disco da Edisom a CBS juntou outra ideia e chamou-lhe Top Genius, tendo editado uma série de volumes a partir de 1983.
Genius Super Sonic foi o título com o qual se apresentou o segundo volume desta série. Editado em 1984 o disco abria o lado A ao som daquele que certamente terá sido o maior êxito local do catálogo da CBS nesse ano: Careless Whisper, um single a solo de George Michael lançado quando ninguém imaginava um final para os Wham! (curiosamente ausentes do alinhamento no ano de Wake Me Up Before You Go Go). O alinhamento depois segue uma sequência que não lembra a quem programaria uma playlist, embora junte ali outros mais trunfos pop/rock da colheita 84 da editora. 99 Red Balloons, o hit internacional dos alemães Nena, Torture, segundo single extraído daquele quer seria o último álbum dos Jacksons, Come Back and Stay de Paul Young, os êxitos de pista de dança que nasceram com Dr Beat dos Miami Sound Machine (para muitos a porta para a descoberta de Gloria Estefan), ou Breakdance de Irene Cara (mesmo assim já a milhas do impacte de Flashdance) ou High On Emotion, que foi o maior sucesso de Chris de Burgh antes de The Lady In Red, asseguravam ao alinhamento de Genius Super Sonic uma série de canções que tinham andado pelas listas internacionais de vendas de singles ao longo do ano. Não faltavam ainda alguns hits de verão, nomeadamente Reggae Night de Jimmy Cliff, Susanna dos Art Company ou High Society Girl dos Laid Back.
E depois dos êxitos evidentes chegam as memórias de casos pontuais de sucesso, que vão do emergente italo pop de Den Harrow em A Taste of Love ao rock FM dos Loverboy em Turn Me Loose. De Bryan Adams, que consolidara o estatuto no ano anterior com o álbum Cuts Like a Knife (e se preparava para dar um salto maior com Reckless) era recuperado Tonight, um tema do álbum de 1981 You Want it You Got It.
Uma das evidências maiores de um olhar sobre o alinhamento de Genius Super Sonic traduz uma das “falhas” maiores do catálogo da CBS em 1984: o catálogo nacional. Um espaço que pouco depois seria resolvido com a assinatura de nomes como os de Dora, Lena d’Água, Paulo Gonzo ou Teresa Maiuko, que estariam representados no alinhamento de Top Genius – 16 Super Genius, de 1986. A língua portuguesa ficou aqui apenas referida com “Lilás”, de Djavan. Já a capa do disco parece piscar o olho ao travo sci fi de algumas aventuras pop daquela altura (apesar do tema Woodpeckers From Space, dos Video Kids, não figurar no alinhamento).
A CBS implantou-se em portugal em 1981 ou 1982. Era a segunda multinacional do sector a instalar-se directamente em Portugal depois da Polygram. Teresa Maiuko era um licenciamento da Transmédia pois estava ligada a Luis Filipe e Nuno Rodrigues. A CBS nunca teve muitos nomes nacionais em destaque. Além dos nomes destacados poderá ser acrescentado Ana Faria, Onda Choc ou Fausto. Antes das compilações “top genius” ainda houve a compilação “Podium” onde aparece Ricardo Landum com “Vontade Louca”. Nomes ligados à editora nesta fase (sobretudo singles): Paulo Alexandre, António Sala, Nuno & Henrique, In Loco, José Malhoa, Romance. No texto faltou a referência ao tema “Lilás” de Djavan que foi um grande sucesso em Portugal e que fecha a colectânea. Como noutras compilações há temas que só aparecem devido a sucessos anteriores (Irene Cara e Laid Back), porque eram apostas da editora ou escolhas para encher o disco (o projecto Den Harrow ainda no início). Penso que os temas do Chris de Burgh com mais destaque antes do “Lady In red” foram “The Traveller” e “Don’t Pay The Ferryman”. Não me lembro do impacto dos Loverboy mas aparecem em várias compilações nacionais mais nostálgicas (“Turn me Loose” aparece em “2001”, “Alcantara Mar” e “Rock Rendez Vous”).
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De facto faltou o Djavan, era o fim do texto. Já o vou juntar. Thanks
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Quanto ao Chris de Burgh aí os números não ajudam a ideia de que “The Traveller” e “Don’t Pay The Ferryman” foram maiores êxitos. O texto não refere o êxito obtido em Portugal. Falo do impacte do High on Emotion à escala global, como de resto esse parágrafo observa.
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