Mahmood sublinha estatuto no panorama da pop italiana

Editado meses antes da segunda vitória em San Remo (obtida este sábado) o álbum “Ghettolimpo” aprofunda uma demanda identitária, sobretudo no plano das mitologias, como na busca de um som de produção mais elaborada. Texto: Nuno Galopim

Filho de mãe italiana e de pai egípcio, Alessandro Mahmoud – que artisticamente assina como Mahmood – está longe de ser o mesmo quase desconhecido (no plano internacional, entenda-se) que em 2019 venceu o Festival de San Remo com “Soldi”, canção que levou a Telavive para aí arrebatar um segundo lugar para Itália. Três anos depois, agora acompanhado por Blanco, conquistou com “Brividi” um segundo passaporte eurovisivo, desta vez para defender as cores de Itália… em casa.

Mas na verdade a sua história profissional na música antecede o momento em que “Soldi” deu que falar. Em 2017 Mahmood tinha já participado no San Remo Giovani. Ganhou notoriedade em trabalhos seguintes, quer em colaborações com outros músicos quer na criação de música editada em nome próprio. E em 2019, ao mesmo tempo que arrebatava a votação do júri em San Remo conquistava maior visibilidade para o EP “Giuventu Bruscicata”, editado ainda em 2018, acabando por dar origem a um álbum com o mesmo título, com alinhamento alargado.

Entre as duas vitórias em San Remo Mahmood lançou “Ghettolimpo” um segundo álbum de estúdio no qual levou a sua música a um patamar de ainda mais evidente afirmação de uma identidade no panorama pop italiano do nosso tempo. O disco traduz sinais de uma demanda pessoal que cruza ambas as costas do Mediterrâneo, juntando ecos, desta vez mais carregado de mitologias. E aprofunda um labor de estúdio que assimila influências que chegam ora de terrenos indie ou r&b, vincando geografias magrebinas e juntando pistas de tendências recentes na música de dança mais dada aos sabores de uma global club culture.

Mais anguloso nas linhas, mais polido nas formas (como a própria imagem da capa desde logo sugere), o som molda canções que  servem uma pose vocal já fortemente demarcada, aceitando depois episódios de colaboração que colocam nomes como os de Woodkid, a italiana Elisa (que ficou em segundo lugar este sábado em San Remo) ou o rapper Sfera Ebbasta.

“Ghettolimpo”, de Mahmood, está disponível em 2LP, CD e nas plataformas digitais, numa edição da Island.

3 pensamentos

  1. I’m not a fan. Agora que começou o programa na Antena 1 poderia aparecer um artigo (único) que fizesse a ligação entre o sire e o programa. Alguns dos assuntos abordados na emissão de ontem já podem ter aparecido por aqui pelo site mas fazia um resumo (para marcar a estreia) do que deu no primeiro programa (de Philip Glass ao disco comprado em fevereiro passando pelo tributo a Cohen, Banda do Casaco, etc) explicando a ligação pretendida e mais alguns pormenores.

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