Os ucranianos Go_A, que representaram o seu país na Eurovisão em 2021, passaram pelo Festival MED em Loulé. Na ocasião falei com eles.

Chamam-se Go_A, são ucranianos e conquistaram atenções quando passaram pela Eurovisão em 2021. Esta semana estiveram a atuar no Palco Cerca da 18ª edição do Festival MED, em Loulé. Trouxeram canções como Shum ou Solovey a um alinhamento que cruzou ecos da cultura ucraniana com o fulgor de batidas electrónicas, sem esquecer a importante contribuição performativa da vocalista Kateryna Pavlenko, que veste uma personagem intensa e teatral sempre que uma nova canção entra em cena.
Para alguns foi um reencontro com memórias recentes (da Eurovisão, claro). Para outros uma comunhão com compatriotas (não faltavam bandeiras ucranianas entre a plateia). Mas para a maioria o concerto foi um episódio de revelação, que terminou com uma pequena multidão claramente rendida ao electro folk dos Go_A e à atitude contagiante da banda.
Antes da atuação falei com eles. Taras Shevchenko (não confundir com o poeta ucraniano, com nome igual, que viveu no século XIX) a vocalista Kateryna Pavlenko p assaram pelo estúdio da rádio na reta final de uma emissão especial (em direto) da Antena 1. Aqui fica a troca de palavras que ali aconteceu…
São uma banda que procura estabelecer pontes entre ecos da música tradicional ucraniana e a modernidade. Mas para o fazer tiveram de estudar essas tradições…
Taras – A Kate, vocalista, e o Igor, que toca sopros, estudaram o folclore a um nível mais profundo na universidade. Temos por isso a música tradicional ucraniana no núcleo da filosofia da nossa música. Tudo o que fazemos provém da música tradicional ucraniana, de canções e da cultura da Ucrânia.
Passaram pela Eurovisão. Tiveram uma canção escolhida para 2020, o ano em que não houve concurso, mas regressaram em 2021 (em Roterdão) com Shum, e ficaram em quinto lugar. Quão importante foi para vós ter passado pela Eurovisão?
Kateryna – A Eurovisão mudou a nossa vida. Antes éramos apenas uma banda local na Ucrânia e desde então muita gente pelo mundo fora ouve a nossa música. Roterdão é talvez a razão pela qual viemos atuar a Portugal.
Nestes dias difíceis que a Ucrânia está a viver sentem-se embaixadores da cultura do país quando atuam em palcos internacionais?
Kateryna – São ocasiões muito importantes porque as pessoas precisam de perceber que a Ucrânia não faz parte da Rússia. Tem a sua cultura, tem a sua música. Temos valores diferentes, uma cultura diferente.
Taras – E tudo o que se diz sobre um folclore comum e que somos nações irmãs são coisas da propaganda russa. E estamos a tentar mostrar que há de facto uma cultura e uma música na Ucrânia, e que são únicas.
Antes da guerra a cena musical ucraniana era vibrante, e com muitos artistas e bandas a promover este tipo de diálogos entre tradição e modernidade. Como é que encaram o futuro para a música ucraniana, neste momento com tantos pontos de interrogação pela frente?
Taras – Em primeiro lugar creio que esta é uma situação temporária, porque acho que ganharemos e a justiça estará do nosso lado. E depois creio que haverá um florescimento da cultura ucraniana em casa e, talvez também no resto do mundo. E é isso que estamos a tentar apoiar.
Quer isso dizer que brevemente teremos mais música dos Go_A?
Taras – Certamente.
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