Olivia Newton-John (1948-2022)

Deixou-nos hoje, aos 73 anos, uma voz que, além dos êxitos planetários nascidos de “Grease” e ao som de “Physical” somou uma passagem pela Eurovisão e uma obra em disco com momentos marcantes, alguns feitos de diálogos entre a pop e a country. Texto: Nuno Galopim

É natural que as primeiras e mais imediatas memórias levantadas pela notícia da morte de Olivia Newton-John, nos façam evocar a sua presença como uma das protagonistas (juntamente com John Travolta) do musical de 1978 Grease – que entre nós teve estreia como Brilhantina – ou o sucesso planetário obtido em 1981 pelo single Physical, que partia da então nova moda do fitness para a celebrar numa canção que demonstrou quão poderosa era de facto uma nova ferramenta que então estava a surgir para promover música: o teledisco. Porém, será de tremenda injustiça para a atriz e cantora nascida no Reino Unido, depois naturalizada australiana e, mais tarde, com parte da vida feita nos EUA, reduzir a evocação do seu percurso a apenas esses dois episódios.

Nascida em Cambridge em 1948 e com uma carreira com um ponto de partida que recua aos anos 60, e já com álbuns editados quando foi desafiada a representar o Reino Unido na Eurovisão (em 1974), Olivia Newton-John conheceu o seu primeiro episódio de grande exposição mediática precisamente nessa noite em que levou Long Live Love ao quarto lugar, acabando a noite, como toda a gente, a assistir ao triunfo dos suecos Abba com Waterloo. 

Esse não é, contudo, o único episódio da sua obra discográfica na década de 70 que merece ser evocado. No mesmo ano da aventura eurovisiva rumava novamente a Nashville (onde já tinha brilhado em 1973) onde deu continuidade a uma etapa na qual abraçou a música americana, num tempo em que a forma como cruzava formas da country com pop gerou controvérsia, o que a não impediu de somar êxitos e prémios, conquistando um Grammy de Record of The Year com I Honestly Love You.

É já sob uma carreira de sucesso nos discos que é chamada a participar em Grease – que lhe dá um sucesso planetário com You’re The One That I Want – e do qual sai com uma imagem reforçada que surge logo depois no algo injustamente esquecido disco pop Totally Hot, o álbum que precede o gigante Physical. Por essa altura tinha já passado por outro musical, Xanadu, um flop nas bilheteiras mas do qual nasceu um monumento pop orquestral, este em colaboração com a Electric Light Orchestra.

Na sequência do êxito de Physical seguiu-se ainda um momento de comunicação pop de escala internacional com Make a Move On Me e Landslide, singles extraídos do mesmo álbum. Olivia Newton John manteve ainda um perfil de visibilidade na música pop com canções como Heart Attack (que chamou atenções para um ‘best of’ lançado em 1982) e o mais eletrónico Twist Of Fate, este tendo surgido como avanço do álbum que sucedeu, sem o mesmo impacte, a Physical

Os discos continuaram a surgir, não voltando contudo a repetir os mesmos patamares globais de resposta, ocasionalmente gerando mesmo assim momentos de êxito. Friends for Christmas, em colaboração com John Farnham foi, em 2016, o seu último disco de estúdio. A defesa do ambiente e os direitos dos animais foram causas pelas quais lutou para lá dos discos. Vitimada por um cancro, diagnosticado há longos anos, Olivia Newton-John deixou-nos hoje, aos 73 anos.

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