Em 1984 uma antologia no formato de álbum duplo encerrava a discografia oficial dos Japan numa altura em que os músicos estavam já focados no desenvolvimento dos seus respetivos percursos a solo. O vinil é agora reeditado. Texto: Nuno Galopim

Se o álbum ao vivo Oil on Canvas (de 1983) era já apresentado como um lançamento póstumo dos Japan, sabida que era a separação da banda após a série de concertos apresentada em finais de 1982, a antologia Exorcising Ghosts chegou já numa altura em que os músicos da banda lançavam as respetivas obras a solo e novos projetos pelos quais continuariam a desenvolver o seu trabalho. Quando este disco chegou aos escaparates, no outono de 84, já David Sylvian tinha lançado o álbum a solo Brilliant Trees e Mick Karn, que tivera já um primeiro álbum, Titles, lançado em 1982, apresentava-se ao lado do ex-Bauhaus Peter Murphy e do baterista Paul Vincent Lawford nos Dalis’ Car, que lançavam nesse mesmo ano o álbum The Waking Hour. Já Steve Jansen e Richard Barbieri, que três anos depois se apresentariam como Dolphin Brothers, preparavam um primeiro disco em conjunto, Worlds in a Small Room que, em 1985, lançariam creditando o nome de ambos na capa.
Com alinhamento e trabalho gráfico criado orientação do próprio David Sylvian, representando este disco o momento do inicio de relacionamento do vocalista com a obra visual de Russel Mills, Exorcising Ghosts representou assim o episódio final da obra dos Japan para a Virgin, editora à qual se tinham juntado em 1980, por ela editando os álbuns Gentlemen Take Polaroids (1980) e Tin Drum (1981), os seus mais importantes discos de estúdio.
O alinhamento de Exorcising Ghosts, duplo LP em vinil, parte essencialmente de uma recolha de temas desses dois álbuns lançados pela Virgin. Da etapa anterior foram recuperadas duas canções de Quiet Life (o tema-título desse disco de 1979 e The Other Side of Life), assim como algumas raridades que completam o alinhamento. Estas foram, em concreto, A Foreign Place (um instrumental originalmente apresentado no lado B do single Quiet Life), uma remistura de Taking Islands in Africa, o instrumental Life Without Buildings (lado B na versão máxi de The Art of Parties) e ainda Voices Raised In Welcome, Hands Held In Prayer, instrumental inédito incluído em Oil on Canvas. A versão em CD reduziu contudo o alinhamento de 16 para apenas 11 temas.
Apesar da profusão de antologias que foram surgindo nos anos seguintes, com material da etapa em que os Japan tinham gravado para a Hansa Records, este foi, até 2006, o único “best of” dos Japan a incluir temas do catálogo da Virgin. Nesse ano seria editado The Very Best of Japan, antologia em CD que se fazia acompanhar por um DVD, com o mesmo título, reunindo os telediscos da banda. Exorcising Ghosts, agora novamente disponível em vinil, representa mesmo assim, quase 40 anos depois, a melhor compilação criada a partir de elementos da discografia dos Japan. A nova reedição é apresentada com o som recentemente remasterizado (half speed remaster) nos estúdios Abbey Road, respeita o grafismo original da capa e inclui imagens do grupo nas capas interiores.
“Exorcising Ghosts”, dos Japan, está novamente disponível em 2LP numa edição UMC/EMI