Depois de 8 anos sem conseguir nunca a qualificação para a final, a relação dos Países Baixos com a Eurovisão mudou o comprimento de onda e encontrou novo caminho com uma voz já com carreira internacional e uma canção sóbria e elegante. Texto: Nuno Galopim

Anouk era já uma voz com dimensão internacional quando, em 2013, foi anunciada como a representante dos Países Baixos na edição desse ano do Festival Eurovisão da Canção. Por essa altura já com sete álbuns editados, o primeiro dos quais, “Together Alone” (1997) com impacte transversal por toda a Europa, Anouk começou por revelar ainda em finais de 2012, através das redes sociais, que ia participar no concurso, deu a escutar um fragmento, na rádio, em finais do ano e só mais tarde, deu a conhecer, através de um teledisco, o seu “Birds”, um canção que conta com co-autoria sua.
Balada elegante, que encaixa que nem luva às características do timbre da voz de Anouk, envolvendo-a por uma cenografia de recorte clássico, “Birds” representou a primeira aposta holandesa numa postura diferente perante a seleção de canções para a Eurovisão, abrindo caminho a outras participações desenhadas num clima semelhante, como a que daria um segundo lugar aos Common Linnets em 2014 e a vitória a Duncan Lawrence em 2019. O nono lugar obtido por “Birds” em Malmö deu então aos países baixos o seu melhor resultado em 14 anos (de resto, entre 2005 e 2012 os Países Baixos não conseguiram nunca a qualificação para a Final).
Com repercussão por toda a Europa, a passagem de Anouk pela Eurovisão abriu caminho a uma maior atenção internacional sobre o álbum “Sad Singalong Sad Songs”, que então era editado (incluindo a canção que levara ao concurso). O álbum deu então a Anouk o seu melhor percurso internacional desde “Together Alone”.