Olhares (in loco) pela pop na alvorada dos anos 80

Convidado a seguir os Culture Club numa série de datas no Japão, em 1984, Dave Rimmer apresentou em “Like Punk Never Happened” um olhar, a quente, sobre a nova pop que então gerava casos de sucesso. O livro é agora reeditado com conteúdos extra. Texto: Nuno Galopim

Na alvorada dos anos 80 emergiam no Reino Unido novos espaços de jornalismo que então procuraram seguir por trilhos distintos face aos que eram então trilhados pelos jornais semanários dedicados à música. Eram revistas, juntando não só um trabalho diferente com as imagens (dada a qualidade do papel) mas também outros pontos de vista nos textos. Títulos como a “The Face” ou “i-D” marcam o panorama pela diferença. Mas de todas as novas revistas a que mais sucesso então gozou foi a “Smash Hits”, atenta aos heróis (emergentes) de uma nova pop que conquistava atenções, servindo um discurso bem diferente daquele que então podíamos ler nas páginas do “NME”, do “Melody Maker” ou do “Sounds”. Sem alguns preconceitos para com algumas das novas vozes e bandas que conquistavam maiores atenções na época que passavam frequentemente pelos artigos e críticas dos jornais musicais, a “Smash Hits” partilhava sobretudo entusiasmo e seguia o fenómeno pop com um envolvimento talvez mais próximo do ponto de vista do público do que com o distanciamento que o discurso crítico habitualmente procura ter. Jornalista da “Smash Hits”, convidado a seguir, em 1984, a digressão internacional dos Culture Club, em particular a etapa de concertos no Japão, Dave Rimmer partiu para a estrada não apenas com a missão de escrever um artigo, mas antes um livro que documentasse de forma mais profunda o que ali iria encontrar. Chamou-lhe “Like Punk Never Happened” (expressão muito usada na redação da revista) e acaba de ser republicado com extras.

Mais do que apenas um relato de uma banda em digressão (e que deixa claro porque tudo começou a dar para o torto no percurso dos Culture Club), juntando a história de vida do grupo e dos seus elementos até então, “Like Punk Never Happened – Culture Club and The New Pop” leva o autor a refletir sobre o mapa da música pop que então vê nascer o fenómeno de sucesso protagonizado por Boy George, observando outros nomes daquele tempo, fixando nas páginas o mood que então se vivia e a música que assim traduzia o presente de então. A nova edição junta ainda um prefácio assinado por Neil Tennant (que foi então editor da “Smash Hits”) e ainda o artigo “Duran Duran: Inside The Pop Dream”, que o mesmo autor escreveu (ao mesmo tempo que trabalhava neste livro) para a revista “The Face”. 

“Like Punk Never Happened – Culture Club and The New Pop”, de Dave Rimmer, tem uma nova versão numa edição paperback de 281 páginas, pela Faber & Faber.

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