Carpet & Snares Records (Lisboa)

Tem já seis anos de vida e ocupa uma loja no Espaço Chiado. Chama-se Carpet & Snares Records mas é mais do que apenas uma loja de discos, juntando várias outras valências, entre as quais estão uma editora, um ‘publisher’ e um programa de ensino. Texto: Nuno Galopim

Foto: Rúben José

Entre o mapa de lojas de discos que Lisboa hoje apresenta há uma que tem o circuito dos DJ como uma das suas prioridades, o que não a impede de apresentar propostas a outros públicos. Chama-se Carpet & Snares Records, tem já seis anos de vida e ocupa a loja número 28 do centro comercial Espaço Chiado.

A loja surgiu em 2014 na “sequência de um projeto/parceria que durou apenas uns meses e, por não ter funcionado, precisou de ser reestruturado e com novos sócios”, explica ao GiRA DiSCOS Jorge Caiado que então, juntamente com Zé Salvador e João Maria criaram “o que hoje é muito mais que uma loja de discos”. O nome Carpet & Snares Records, explica, “saiu um pouco à pressão devida à urgência em mudar o nome do projeto anterior” enquanto mantinham a loja aberta. A ideia “surgiu do André Cascais, um amigo de longa data. Foi ele quem se lembrou “da brincadeira entre a Carpet (a loja é toda alcatifada) e as Snares que é um dos instrumentos mais usados nos discos de música eletrónica de dança”. Gostaram do modo “como soou e por isso ficou”. Em 2015, já sem os parceiros originais, Jorge Caiado ficou com a loja e empresa e, ao longo destes últimos anos, comta que tem “tido a sorte de poder contar com o contributo de mais pessoas” que o “têm ajudado a fazer crescer e a por em prática muitas das ramificações que tinha em mente para a Carpet desde o início”. Hoje em dia Rui Ferreira e Miguel Melo estão com ele na loja, escritório, editoras e distribuidora, e ainda Adília Lima como diretora de arte (faz as capas de discos, cartazes de festas, etc), Tiago Garcia e Fábio Santos “dão uma mão com algumas ferramentas digitais”, Joe Delon “é o homem para os textos dos discos e entrevistas, para a série de mixes” e ainda o Rúben José, o “realizador para os mini-filmes” que têm vindo a desenvolver nos últimos anos. 

Jorge Caiado explica assim que, para além da loja, são “um grupo editorial, uma distribuidora de discos, um publisher, uma plataforma de divulgação de música eletrónica” e, mais, recentemente juntaram uma “componente educativa e técnica” já que dão “cursos de DJ e produção” para além de proporcionarem “serviços de mistura e masterização, produção executiva e consultadoria”. Acrescenta ainda: “Gosto de olhar (e que olhassem) para a Carpet como uma espécie de Hub da cena de música eletrónica em Lisboa/Portugal, onde podem encontrar todas as ferramentas que precisam para poder começar uma carreira ou expandir a que já têm vindo a desenvolver seja em que área for (como produtor, D, dono de uma editora, etc)”.

         Mas regressemos à loja. E aqui temos direito a uma visita guiada: “O foco da loja foram sempre os discos novos. A ideia é a de fornecer à cidade de Lisboa uma loja onde DJs e colecionadores pudessem encontrar discos de dança (house e techno maioritariamente) com a frescura com que se encontra nas lojas online ou noutras grandes cidades europeias. Recebemos novas entradas todas as semanas e de diferentes distribuidoras. O principal formato é o vinil e maioritariamente em 12’’. Temos alguns 7’’, mas muito poucos e uma secção da parede para as cassetes da Fungo (editora portuguesa de música eletrónica) que apenas edita neste formato. No entanto a loja sempre teve uma secção dedicada a discos em segunda mão que tem vindo a crescer exponencialmente nos últimos anos com a aquisição de colcções de antigos DJs. Para além do stock que se encontra na loja principal, por marcação podem ter acesso e ‘diggar’ no nosso escritório / armazém que fica no piso superior e onde encontram mais de 2000 títulos de máxis de dança”.

Para sistematizar, agora, os géneros disponíveis. O principal “foco é a música electrónica de dança: House, Techno, Electro, Bass/UKG e pequenas secções para Disco/Edits e Hip-hop/Beats”. Há também uma secção dedicada à música mais experimental e ambiental. A secção de discos novos está dividida por géneros: House, Minimal, Electro, Tech House, Breakbeat / UKG, Techno, Dub/Deep Techno, Leftfield/Ambient, US Imports, Editoras e Artistas Portugueses e uma zona para as editoras diretamente ligadas à Carpets & Snare. Por sua vez a secção de discos em segunda mão está divida em quatro secções: House/Minimal/Tech House, Techno/Electro, Disco/Edits/Funk e os “Hard To Find”. À parte dos Hard To Find, “todas outras três estão subdivididas por ordem alfabética com base no nome do artista”.

Além do espaço físico a Carpet & Snares Records tem também uma presença online e, através do site www.carpetandsnares.com, é possível aceder à loja online que usa o Discogs “como plataforma de pesquisa e transação do catálogo”. Através do bandcamp da Carpet e das suas editoras satélites também é possível comprar diretamente os discos.

Trabalhando prioritariamente com música de dança não será surpresa notar que a Carpet & Snares Records tem uma relação muito atenta ao trabalho de DJs e às necessidades de discotecas? E o Jorge Caiado responde: “Sim, o nosso “público alvo” são essencialmente os DJs e para isso temos que estar obviamente atentos ao que se anda a passar nos clubes. No entanto, sabemos que trabalhamos um nicho de mercado e como somos uma loja pequena optamos por tornar a nossa seleção ainda mais “pessoal” e com um cunho próprio. Ao mesmo tempo, oferecemos um serviço de encomendas e podemos mandar vir tudo o que forem discos novos mesmo que não sejam discos que façam parte da “nossa” seleção, desde que previamente pedidos e disponíveis nos armazéns com quem trabalhamos”.

E uma questão diferente que a curiosidade aqui pode lançar. Há colecionismo nesta área? Ou os consumos são essencialmente mais pragmáticos? “Há colecionismo sim, mas parte do consumo ‘normal’ de um DJ que toca regularmente (todos os fins de semana) passa pelo pragmatismo e pela necessidade/fome de tocar novidades”.

2020 trouxe novos hábitos e momentos inesperados a todos nós. E neste caso? Como tem sido um ano de consumo de música de dança com as pistas de dança basicamente fechadas? Sentiram esse impacto na loja? “Bastante, o encerramento dos clubes/festas e a falta de previsão de abertura dos mesmos foi o elo da cadeia que caiu e que fez com que tudo o resto caísse também”, responde Jorge Caiado. E continua: “Tendo em conta que os nossos clientes são na maior parte DJs, como neste momento não estão a tocar nem sabem quando isso irá voltar a acontecer, o consumo caiu a pique. Parte do consumo dos DJs passa pela vontade de tocar novidades e abrir novos horizontes, e não havendo oportunidade de mostrar esses discos agora, a novidade fica rapidamente ultrapassada fazendo com que não sintam necessidade de comprar música até saberem quando vão voltar poder a atuar. É um ano muito difícil para o mercado da música de dança. Sei que outros géneros e lojas que os comercializam estão a sentir menos o impacto, mas nós estamos a sentir bastante. Muito também porque a maior fatia dos clientes são estrangeiros/turistas que sempre que vêm a Lisboa (e forem aficionados por música de dança) quase sempre nos visitam e neste momento estão a vir em muito menor número pelas razões óbvias”.

Foto: Rúben José


Carpet & Snares Records

Rua da Misericórdia, 14, Piso S/L, loja 28. 1200-273 Lisboa

(dentro do centro comercial Espaço Chiado)

Horários:

De segunda a sábado, das 15.00 às 20.00 horas.

A loja está encerrada aos domingos.

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