Com nova morada na zona de Arroios, a Amor Records é uma loja de discos mas também um bar onde a música é inevitavelmente um motivo de conversa entre quem por ali passa. Esta é uma história de amor à música que começou no Brasil. Texto: Nuno Galopim

A história da Amor Records, que se apresenta como loja de discos mas também um áudio listening bar, começou ainda no Brasil, de onde são originários os seus fundadores, Thiago Guiselini, Fred Scharf e Filipe Filizola. Tudo começou, “depois de meses de pesquisa e curadoria do acervo ainda no Brasil até março de 2017”. Em abril desse ano já estavam em Lisboa a trabalhar “no acervo dos lançamentos com as distribuidoras e operando via Discogs”. De resto, e como explicam ao GiRA DiSCOS, para a Amor Records sempre “foi muito importante” que stock “refletisse” aquilo em que acreditam musicalmente. E o nome da loja vem, assim sendo, “do sentimento” que têm “em relação à música e o que a envolve”. Para a equipa “era primordial que o nome fosse em português, mas ainda fácil de se pronunciar em outras línguas”, já que ali recebem “clientes do mundo inteiro que vem aqui garimpar” o acervo da loja.
Ali encontramos tanto discos novos como usados. Chegam novidades duas a quatro vezes por mês, “às vezes até mais, independente do lançamento”. A maior parte dos discos “são de 12 polegadas”, porém há na Amor Records um bom stock “de singles em 7 polegadas”. Quanto aos estilos, “a seleção involuntariamente reflete aquilo” em que, como nos explicam, tocam e pesquisam: “funk/soul, house, edits, musica brasileira, jazz, fusion, passando também por um pouco de reggae, dub, afro, techno, breaks, minimal, ambient e experimental”. E ainda, “mesmo não sendo principal foco, não estranhe se encontrar também álbuns clássicos e icónicos de outras vertentes”, avisam. E ainda: “temos uma sessão interessante de 1 e 2 euros onde acaba encontrando um pouco de tudo”. Com o novo espaço, que é maior do que o anterior, conseguiram “aumentar também a coleção e expor” os discos “de maneira mais organizada e fazer com que a experiência e permanêcia na loja seja mais confortável”. O catálogo da loja está disponível online através de uma página na plataforma Discogs.
E o bar que encontramos logo ao entrar no espaço… complementa a loja de discos ou é o contrário? Ou são indissociáveis? Eles mesmo respondem: “Tudo começou com a ideia da loja de discos, desenhando o layout introduzimos uma geladeira, um display de cervejas e vinho, para um “bar” de apoio aos amigos e clientes, é acabámos instalando uma máquina de pressão e, naturalmente, virou um ponto de encontro” para “clientes, amigos e apreciadores de música”. Ou seja, “realmente um é indissociável do outro”. Os responsáveis pela loja sentem “que com esse formato acabam acontecendo trocas e encontros que não ocorreriam de outra forma”. E contam histórias “de clientes que vêm procurar um disco e acabam por passar o resto da tarde falando de música com algum outro cliente, até então desconhecido, enquanto tomam uma imperial ou um copo de vinho”. E fora que música já e bastante social em sua apreciação, ela junta pessoas e cria atmosferas”.
E quais são então os públicos que frequentam a loja? Há “apreciadores de música no geral!” Mas podemos falar de “um público muito cativo”. Contam que fizeram já “muitos amigos nestes praticamente três anos, mas é bem heterogéneo: DJs, produtores, músicos, artistas, estudantes, aposentados e também pessoas que têm na música um hobbie e uma distração do quotidiano”.
A Amor Records tinha já uma tradição antes do ano 2020 ter levado tudo e todos a repensar hábitos: “Começámos a organizar alguns eventos maiores até ao começo deste ano, mas por conta da pandemia, esse assunto ficou em segundo plano”, confirmam. Agora, estão a optar por “formatos pequenos e restritos, como talks entre DJs e produtores”, e têm “tido uma ótima resposta”. Essa é uma forma que encontraram, “sem pista de dança”, de “ajudar a fomentar a cena além das in store sessions mais controladas”.

Morada:
R. Frei Francisco Foreiro 2A, 1150-166 Lisboa, Portugal
Horários:
de segunda a sábado, das 14.00 às 22.00 horas
(horário muda semanalmente em função das restrições sanitárias geradas pela pandemia)