“Planet Earth” inaugurou em 1981 a obra em disco dos Duran Duran, que então escolhiam para produtor o engenheiro de som que tinha trabalhado na gravação de “Heroes” de David Bowie. Este é o primeiro episódio de uma série de textos a publicar aqui. Texto: Nuno Galopim

A história tinha começado em 1978, atravessando algumas mutações, mas só em 1981 surgiu um primeiro disco. A estreia não correspondia exatamente às visões mais arty da formação original (com Stephen Duffy como vocalista, tendo algumas das canções dessa etapa surgido em 2003 no álbum que o músico criou com Nick Rhodes, assinando como The Devils), nem ficava no plano dos caminhos que, com Andy Wickett, o grupo tinha experimentado em 1979, gravando maquetes que entretanto foram já editadas em dois EP. Com o vocalista Simon Le Bon a bordo desde 1980, o grupo fixara a sua formação num quinteto contando com os dois fundadores Nick Rhodes (teclas) e John Taylor (baixo), aos quais se havia juntando entretanto o guitarrista Andy Taylor e o baterista Roger Taylor. Tinham corrido pela estrada em 1980 como banda de suporte de uma digressão de Hazel O’Connor e chamado suficientes atenções ao ponto de receberem uma proposta da EMI, que os assinou e, em finais desse mesmo ano, levou a estúdio para gravar maquetes para o álbum de estreia e os dois temas a lançar num primeiro single.
Planet Earth seria assim o single de estreia de uma banda que alguns meses antes era sobretudo uma força promissora de uma movida que entusiasmava a noite de Birmingham, militando num comprimento semelhante ao de nomes seus contemporâneos como os Visage, Spandau Ballet ou Ultravox. Chamavam-lhes neo-românticos. E uma breve citação na letra da canção – “like some new romantic look for the TV sound” – não só ajudou a fixar a designação como lançou todo um programa estético. Havia música, mas também uma materialização visual dos sons.
Os dois temas lançados no single de estreia surgiram em sessões acima referidas, que decorreram em dezembro de 1980, sob produção de Colin Thurston, engenheiro de som ligado à gravação de Heroes, de David Bowie e de Lust For Life de Iggy Pop e recentemente co-produtor dos Magazine e Human League. Em janeiro registaram depois a sua primeira sessão para a BBC 1, gravando em estúdio os temas Sound Of Thunder, Friends Of Mine, Anyone Out There e Careless Memories. E a 2 de fevereiro, com uma capa desenhada por Malcolm Garrett, era editado em single Planet Earth, no lado B surgindo Late Bar, um dos temas que o grupo então incluía regularmente nos alinhamentos dos seus concertos dessa etapa.
Além da versão standard em sete polegadas, o grupo gravou desde logo uma outra versão mais longa – Planet Earth (night version) – destinada às pistas de dança, na qual a matriz rítmica (de genética disco) de mostrava valorizada. O máxi-single juntava depois, no lado B, os dois temas que constituíam o alinhamento do sete polegadas.
Outra das novidades (além do máxi-single), foi o facto de desde logo o grupo compreender as potencialidades de uma ferramenta promocional emergente: o teledisco. E rodaram um, realizado por Russel Mulcahy (que acabaria por assinar outros mais para a banda, através da sua ligação aos Duran Duran tendo ganho um lugar na história dos vídeos musicais). O tal verso da canção, que sugeria um novo “look” para o som da televisão, inspiraria os planos de dança, quer com os bailarinos quer com a própria banda, vestida a rigor segundo o movimento com o qual nasciam.
O single atingiu o número 12 no Reino Unido, o que lhes garantiu uma primeira passagem pelo programa da BBC Top Of The Pops. Portugal foi um dos três países onde Planet Earth atingiu o número um.





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